TEMPO! DEFINIÇÃO EM TEMPO DE GUERRA.
Imagem do Google.
«No livro « Vida e
Destino» Vassili Grossman pinta um imenso fresco da Rússia Soviética, com
incidência nos anos da Segunda Guerra
Mundial, na ofensiva alemã e na defesa e, depois
na contraofensiva Soviética, que culminou na libertação de Stalinegrado e
dos territórios ocupados pelos nazis».
Os nazis na sua senda de exterminar os Judeus não se pouparam
a esforços para atingirem aquele horrendo objetivo que acabou por vitimar
milhões de judeus – homens, mulheres, idosos e crianças, « todos na flor da
vida do seu tempo». Nos países que iam ocupando, caso da Rússia, iam criando os
seus campos de concentração, como aquele que inspirou o autor do livro acima
citado a escrever o texto a seguir que aqui deixo em homenagem a todos aqueles
que pereceram no Holocausto.
Imagem
tirada do Facebook
Hoje assinala-se o “Dia Internacional em
Memória da vítima do Holocausto”. Aqui fica a nossa singela homenagem a todos
os que foram submetidos a tal brutalidade. Ficam também os desejos para que o
Homem nunca se esqueça destes acontecimentos!
“ A música que tocava *, despertava nele a compreensão do tempo.
O tempo é o meio ambiente transparente em que as pessoas surgem, se movem, desaparecem sem rasto… No tempo, nascem
e desaparecem aglomerados de cidades. O tempo trá-las e leva-as. Mas nasceu
nele outra compreensão do tempo, muito peculiar. Aquela compreensão que diz: «No meu tempo …. Não é o nosso tempo”. O
tempo corre para dentro do homem e do país, aninha-se neles, depois o tempo
vai-se embora,
O país ficou, mas o seu tempo passou… O homem
vive, mas o seu tempo desapareceu. Onde está? Eis o homem que respira,
pensa, chora, mas aquele tempo especial, único, ligado apenas a ele, foi-se,
passou, esgotou-se.
Ele, porém continua a viver.
O mais difícil é ser não-filho do tempo. Não existe nenhum destino mais
penoso do que o de não-filho, a viver num tempo que não é o dele. Os
não-filhos do tempo saltam à vista de imediato: nas secções de pessoal, nos
comités dos partidos locais, nas secções políticas do exército, nas redações
dos jornais, na rua … O tempo gosta
apenas daqueles que gerou – os seus próprios filhos, os seus heróis, os
seus trabalhadores. Nunca por nunca nutrirá amor pelos filhos do tempo
passado, e as mulheres não gostam dos heróis do tempo passado, e as
madrastas não gostam dos filhos alheios.
Assim é o tempo – tudo passa, mas ele fica. Tudo fica, mas o
tempo vai-se. O tempo vai-se embora num passo tão leve, tão inaudível … Ainda
ontem foste tão seguro, animado, forte: filho do teu tempo. Hoje chegou outro
tempo mas ainda não o compreendeste.
O tempo despedaçado no combate surgiu do violino de
contraplacado nas mãos do barbeiro Rubintchik. O violino comunicava a umas
pessoas que o tempo era delas e a outras que o tempo estava a passar.
«Passou, passou» pensou Krimov».
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Passou! Foi só tempo de abrir as valas comuns …. Digo eu...
* Jan Kubelik (1880-1940)- famoso violinista e compositor
checo.
abibliotecaviva.blog.spot.pt
29-01-2014
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