quinta-feira, 13 de outubro de 2011

EXCERTO DA MINHA AUTOBIOGRAFIA

EXCERTO DA MINHA AUTO BIOGRAFIA

Após ter completado a instrução primária e ter sido aprovado com distinção, única que se consta na escola da aldeia, sou enviado pelo meu tutor, para o Cercal do Alentejo para trabalhar como caixeiro:




Estávamos em 1950, tinha eu 13 anos de idade e o meu patrão, como correspondente bancário, único



 na vila, na minha actividade estava também incluída a feitura dos avisos de cobrança de letras e recibos; Estes tinham de ser dactilografados em folhas de papel de vinte e cinco linhas e, depois, separados com uma tesoura; A tarefa de aprender a escrever à máquina, confesso que me custou um pouco; Foi uma aprendizagem por impulsos, mas resultou; Eis que chega a tardinha e lá começa a correria; Distribuição de avisos e cobrança dos valores respectivos; Claro que quanto mais depressa corresse mais tempo tinha para a peladinha diária; Esta não podia faltar; Na função de cobrador, sem subsídio de falhas, cheguei a fazer folhas de cobrança de cinquenta mil escudos; Era muito dinheiro para a época; Nunca tive uma falha; Tinha o cuidado de trazer comigo umas pregadeiras fortes que colocava nos bolsos antes do inicio das correrias e das peladinhas; Uma vez, deu para o torto, visto que parti o vidro da mercearia do adro da igreja e não fugi… fui parar à prisão do posto da GNR; Estive dentro umas horas mas não me fizeram mal; Pelo sorriso do meu patrão à minha chegada inferi que o ter ido dentro tinha sido combinado.
   Dos campeonatos de matraquilhos que, por terem sido tão empolgantes, nunca mais deles me esqueci; Nem da função da substituição das baterias, não havia electricidade, que alimentavam o “PYE”- era a marca do rádio da casa; As baterias que eram carregadas no gerador que estava na moagem do Largo dos Caeiros, dispunham de um transporte próprio, um carro de mão que me deliciava quando o conduzia; Claro que algumas vezes, o ácido entornava-se; Às vezes fazia até jeito, visto que o cotim durava muito e era uma vergonha eu andar todo malhado a atender os clientes. Claro que depois do sermão lá vinha fatiota nova.
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