FALANDO DE EPITÁFIOS
I
Quando em tempos, no meu
blog abibliotecaviva.blogspot.pt , publiquei
um texto, que recomendo, com o título Diligências e Alguma
História falei duma figura popular ,de nome Álvaro Vaz, um
pouco zambro , como a imagem a seguir representa que residiu em Castanheira de
Pera e , como “ Bon vivant “ , dizia que
gostava que na sua campa fosse colocado o
epitáfio seguinte ;
AQUI JAZ
O ALVARO TOMAZ
EM VIDA NADA FEZ
AGORA NADA FAZ !
- Ao achar a quadra engraçada fui pesquisar os epitáfios de outras duas figuras célebres e grandes amigos – Mário de Sá-Carneiro que se suicidou em Paris no seu quarto no hotel de Nice com apenas 26 anos de idade em 26 de Abril de 1916, tendo enviado alguns bilhetes ao poeta da Mensagem anunciando-lhe aquela sua intenção , tendo ficado célebres os versos do seu poema FIM escritos pouco tempo antes de por termo à vida, a saber:
QUANDO EU MORRER BATAM EM LATAS,
ROMPAM AOS SALTOS E AOS PINOTES.
FAÇAM ESTALAR NO AR CHICOTES,
CHAMEM PALHAÇOS E ACROBATAS
QUE O MEU CAIXÃO VÁ SOBRE UM BURRO
AJAEZADO À ANDALUZA…
A UM MORTO NADA SE RECUSA,
E EU QUERO POR FORÇA IR DE BURRO!
e, o de Fernando Pessoa que veio a
falecer na noite de 27 para 28 de Novembro de 1935, quando, estando só em casa
, foi acometido por uma cólica hepática
, mais grave do que as que sofrera antes e tal como o seu amigo Mário
Sá-Carneiro também escreveu o se próprio
epitáfio, a saber;
NO PLAINO ABANDONADO
QUE AMORNA BRISA AQUECE,
DE BALAS TRESPASSADO
- DUAS, DE LADO A LADO -,
JAZ MORTO E ARREFECE.
Como blogger pensei que devia
deixar também o meu epitáfio, para ser postado quando a minha atividade terminasse.
E, se o pensei, melhor o fiz, pelo que rezará assim;
ABIBLIOTECAVIVA SUCUMBIU
E , NESTA CAMPA, ESTÁ PRESENTE!
EM VIDA!! O BEM E O MAL SENTIU,
AGORA MORTO! JÁ NADA SENTE!~
II
COMENTÁRIOS COM ALGUM HUMOR
1- Acontece que Alvaro Tomaz ao trabalhar na diligência que
ligava Pombal a Castanheira de Pera ,
ver detalhes no texto acima citado,
como bom profissional que era, definia
as regras antes do embarque dos
passageiros em Pombal ,dizendo ; Existem três tipos de bilhetes, a saber: Os de
primeira vão sempre sentados ate
Castanheira de Pera, os de segunda , na Ribeira de Alge vão ter de descer e ir a pé até ao alto de Aldeia
de Ana de Aviz, finalmente os de
terceira terão também terão de descer
na Ribeira de Alge para
empurrarem a diligencia ate ao cimo da subida citada.
Assim sendo, em que é que ficamos? Trabalhou e
nada fêz ? Haja paciência!!
2- Quanto Mario de
Sá-Carneiro claro que o Burro, palhaços
e acrobatas etc .não devem ter aparecido
no funeral, penso eu e , se tivesse acontecido, deveria ter sido um espetáculo
a não perder.
3- Fernando Pessoa tendo morrido duma cólica
hepática vem dizer-nos que foi trespassado com balas? Disto não se
podia lembrar o Demo.
4- Agora falando de ABIBLIOTECAVIVA os seus terceiro e quarto versos são uma
evidente Lapalissada. Pelo que em relação a esta questão, logo que oportuno,
irei escrever sobre esse grande Marechal de França que se chamou Jacques II de
Chabanes, mais conhecido por Monsieur de La Palisse morto na batalha e Pavia em
24 de Fevereiro de 1525.
5- Finalmente queria deixar aqui uma homenagem , sem humor, aquele grande médico e escritor que foi
Alfredo Correia da Rocha , que adotou o pseudónimo
de Miguel Torga em memória dos dois grandes Miguéis , Cervantes e Unamuno. Ao
não deixar epitáfio que se conheça
foi-lhe, junto à campa, colocada uma Torga que ainda lá existe, aquela planta que cresce nas
serras e deita raízes agarradas à rocha e que tão boa braseira fazem nas
lareiras e que faz um bom e lindo brasido de cor vermelha viva.
Fontes. Monografia de Castanheira
de Pera , de Kalidás Barreto
-2ªEdição-2001- e Fatos e Figuras da História de Portugal .
Edição em fascículos do Correio da Manhã e Internet.
abibliotecaviva.blogspot.pt
11-01.2014
Sem comentários:
Enviar um comentário