quinta-feira, 31 de março de 2011

EXCERTO DA MINHA AUTOBIOGRAFIA

EXCERTO DA MINHA AUTOBIOGRAFIA
O autor com 13 anos de idade- 1952

A GUERRA E A FOME

( Lembro, caros leitores, que eu e o meu irmão éramos órfãos e estávamos em 1943 ,  em plena Segunda Guerra Mundial, onde tudo era racionado e o pão,  quase sempre sem conduto, sendo pouco e de milho amarelo, para nós, em casa do meu tutor, estava fechado á chave numa gavetae, 

IV

    Quando  havia  uma sardinha , esta era partida  ao meio;  Depois jogava-se à sorte  com uma agulha de pinheiro para ver quem era o feliz contemplado com a parte   do lombo; O que nos valia eram os passarinhos que caçávamos com os costelas e costelos , ratoeiras feitas de arame, com a diferença  de as costelas que, ao terem uma cobertura por cima , feita em rede,permitiam apanhar os pássaros vivos, que armávamos em locais mais ou menos seleccionados, mas de preferência  debaixo dàs arvores; Os pássaros vivos tinham ainda a missão de  chamar  a atenção de aos outros  pássaros  visto que eram amarrados a um fio e ,ao serem presos perto do local onde  as  ratoeiras se encontravam, serviam de chamariz; Assim a caçada era mais proveitosa.
    Na tarefa  de  lhes tirar as penas  era necessário depená-los pelo que arranjava uma ponta de colmo, que era extraida do centeio - na altura havia muito-  assoprava-se , depois de se ter feito uma incisão  no presunto do passarinho, até ficar cheio de ar; As penas depois saiam melhor; Eram tão bons; E quem é que se não lembra dos taralhões? Todas estas habilidades contribuiam para  eu ter um pouco mais de conduto; Nem sempre comia a  caça que apanhava; Lembro-me uma  vez de , quando  andava no pinhal com um saco a apanhar pinhas para a lareira,  de me ter deparado com um coelho a dormir debaixo de uns fetos secos; Lanço-me com o saco, que ainda estava vazio, para cima do coelho e  consegui apanhá-lo; Senti o cheiro do refogado do mesmo, quando a minha tia o arranjou, mas juro  que o pitéu me passou ao lado; Compreendo porque o  coelho não era muito grande, mas aquela atitude não me pareceu na altura correcta e hoje, com esta idade, e ao  ter pensado nela tantas vezes ,não consigo  explicar qual o Dom da Natureza que naquela situação foi usado; Teria sido o Dom do Amor? De certeza que não foi.
V
   Tudo isto motivava a imaginação do meu irmão mais  velho, a  tentar sobreviver e eu ,como espectador atento, ficava sempre na primeira fila a assistir aos espectáculos que ele me proporcionava;    Na época era hábito as pessoas colocarem os queijos de ovelha ou de cabra nos parapeitos das janelas a secar ;  Bastava apenas  um prego espetado na ponta de uma  vara com as medidas adequadas  para arranjar aqueles pitéus que,  sem pão, eram mais apetitosos.

   Por vezes o  espectáculo tinha variedades;  Em  quase todas as casas havia galinhas e coelhos;  Arranjava-se um coelho bi-funcional- isto é, caça  e alimentação;  Prendia-se o coelho  a um pinheiro e com uma fisga e pedras vá de tentar a pontaria; Depois toca de o  cozinhar para matar a malvada; Confesso que  eram dias espectaculares  e o meu  maneiro ,era assim que  a gente  se tratava , na época , era  o meu herói.
Mais uma história, infelizmente, verdadeira !
Da Biblioteca Viva
Março de 2011.

segunda-feira, 28 de março de 2011

CONQUISTA DE LISBOA

A CONQUISTA DE LISBOA
  
D.Afonso Henriques
1109-1185
    Três meses mais tarde, da   tomada de Santarém, 16 de Junho de 1147, eis   que entram na barra do Douro cerca de duzentos navios transportando cerca de treze mil cruzados.
   Devido â ausência do Rei o Bispo do Porto D. Pedro de Pitões recebeu-os com um grande discurso para lhes dar mais ânimo para a conquista de Lisboa, Então, os cruzados, para terem a certeza que os planos se haviam de cumprir até ao fim, exigiram que o Bispo de Braga D. João Peculiar, os prelados de Lamego, Porto e Viseu fossem com eles nos barcos.
   Assim, pouco tempo mais tarde, eles estavam rumo ao Tejo onde entraram a 28 de Julho de 1147 na véspera de S. Pedro. 
   Mal chegaram, D. João Peculiar foi falar com D. Afonso Henriques que já os esperava com o seu pequeno exército. Então D. Afonso Henriques veio falar com os cruzados para combinarem as tácticas a utilizar na luta que se ia travar, o que foi muito difícil, dada a diversidade de opiniões existentes.
   Depois de muito diálogo, D. Afonso Henriques conseguiu chegar a um acordo com os Chefes da Cruzada, tendo sido acordado:

   Tudo o que pertencesse aos mouros de Lisboa ficaria para os cruzados; os inimigos que se resgatassem eram para o nosso rei; o dinheiro do resgate seria para os cruzados; a cidade depois de saqueada e roubada seria para D.Afonso Henriques e as propriedades seriam distribuídas convenientemente pelos cruzados que quisessem ficar em Portugal.

   Depois de terem jurado todas estas condições, todos concordaram que se devia mandar prevenir os mouros que lhes davam a capitulação e assumiam para com eles, apenas, a garantia de vida.

   Esta missão foi dada a D. João Peculiar, Arcebispo de Braga, que tinha muita prática em discursos, disse, sem rodeios, que era melhor entregarem a cidade aos cristãos porque se poupariam muitas vidas. 
   
    Então o alcaide recusou-se e disse-lhe que para os nazarenos não havia terra que chegasse, mas naquela cidade nunca ninguém lá entraria e lembrou-lhe que um dia já tinham tentado, mas nada tinham conseguido. D. João Peculiar. Ficando irritado com a arrogância dos árabes respondeu-lhes :

 « As nossas tentativas falharam sempre, mas esta vamos ver se falha ou não».

e voltou-lhes as costas sem se despedir, dando ordem para que imediatamente a cidade de Lisboa fosse cercada. Sabia-se que Lisboa era se não a melhor, era uma das melhores cidades da península. Nela se cruzavam negociantes de todas as partes, principalmente de Espanha e de África e nela se vivia num luxo extraordinário.
   Havia sedas e perfumes asiáticos, lindas e caríssimas jóias, não havia uma religião certa, cada um fazia o que muito bem lhe apetecia, assim, entravam e saíam homens que procuravam apenas dinheiro. Aqui encontravam tudo não sendo obrigados a fazer o que os superiores muito bem entendiam.

   Lisboa, agora, estava cercada, mas os mouros tiveram muito tempo para se preparar, logo que viram Santarém nas mãos dos nazarenos, começaram a armar-se e a armazenar grande quantidade de mantimentos porque a maior parte dos mouros massacrados em Santarém e que tinham conseguido fugir refugiaram-se em Lisboa, aqui queriam lutar para se vingarem do massacre feito à cidade antes conquistada.
   Porém, eles tinham armas e também o apoio de todos os castelos do Alentejo. Conseguiram manter-se por dezasseis semanas mas, quando já não tinham forças para segurar as armas e ouviram o alcaide de Évora a aconselhá-los para se renderem como ele já tinha feito, resolveram, para evitar um grande massacre, fazer o mesmo.
    A 24 de Outubro de 1147, uma sexta-feira, as tropas cristãs entraram definitivamente em Lisboa. Um grupo de anglo-normandos abria caminho, seguindo-se el-rei e o Arcebispo de Braga que erguia uma cruz, rodeado pelos bispos e por uma grande multidão, tendo ficado célebre o episódio de Martim Moniz que se deixou esmagar para que os mouros não fechassem uma das portas da cidade, visto que queriam impedir a entrada dos portugueses.
CASTELO DE LISBOA
    Toda essa multidão se dirigiu para a alcáçova que era a torre mais alta do castelo e assim Lisboa caiu nas mãos dos cristãos. Depois, entre cânticos de aclamação, o Bispo de Braga e os restantes clérigos cantaram o Te Deum     No fim  das cerimónias, D. Afonso Henriques andou  por todos os corredores   e muros desta torre  olhando a soberania daquele castelo.    Pela tarde fora os soldados saquearam a cidade, que ficou vazia e expropriada de qualquer valor material, tendo ficado todas as famílias na maior miséria possível. Apesar dos esforços de El-Rei, os soldados não acalmaram e continuavam a pilhagem.

   Crê-se que a maior parte da população era moçárabe por isso, eles abraçavam-se aos cruzados, beijando as cruzes e rezando invocando a Nossa Senhora. Mas de nada serviram os seus apelos pois foram passados a espada por viverem com os mouros e se entenderem com eles sem a menor atenção para com os cristãos.
   Com efeito, esta conquista vai apavorar todo o distrito e, toda a península, fica a meditar. As regiões que ladeavam as margens do Tejo, a saber: Almada e Palmela, bem como Sintra entregam-se sem a menor gota de sangue derramado.
CASTELO DE ALMADA
CASTELO DE PALMELA
 CASTELO DE SINTRA

   Na posse de Palmela, D. Afonso Henriques tinha a porta aberta para entrar no Alentejo. como veio depois a acontecer, mas isso, há-de ser outra  história.


Nota:  Pesquisa e Transcrição da Síntese dos Resumos das Aulas de História feitos, pela Aluna do 5º Ano, Emília Martins Nunes da Secção de Queluz, do Liceu Nacional de Passos Manuel 1971-1972 – feita por  mim ,em Fevereiro de 2009 .

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Março de 2011


sábado, 26 de março de 2011

A CONQUISTA DE SANTARÉM

A CONQUISTA DE SANTARÉM

D Afonso Henriques
D. Afonso Hentiques, como bom estratega, ao pensar que ainda não tinha forças suficientes para conquistar Santarém, pensou que um ataque audacioso pudesse ter êxito e, se bem o pensou melhor o fez, conforme descrito nesta narrativa feita de apontamentos de História, tirados no Liceu  ,pela Aluna do 5º Ano, Emília Martins Nunes da Secção de Queluz, do Liceu Nacional de Passos Manuel 1971-1972 – feita por  mim , em Fevereiro de 2009 ,  posteriormente, compilados por mim, num pequeno livro sobre a vida e obra de D. Afonso Henriques, ainda não publicado, do qual partilho este excerto. 

    
CASTELO DE SANTARÉM
   Santarém era uma das mais ricas cidades da margem direita do Tejo, sendo governada por Iabide Ibone Abbe Alah que se aproveitou da revolta contra os Almorávidas para se entender com D. Afonso Henriques, pagando-lhe um tributo como muitos outros governadores já tinham feito.
  Então. mais tarde,  antes que os Almóadas chegassem a Santarém, para tornar impossível o sonho , D.  Afonso Henriques  manda Mem-Ramires sondar a cidade o qual lhe trouxe boas notícias e os  pontos mais acessíveis das muralhas;   Pouco tempo depois, na Primavera de Março de 1147, no dia 10, sai com meia dúzia de homens da cidade de Coimbra que se juntaram aos Templários em Soure.
COIMBRA
Em Soure D. Afonso Henriques manda o moçárabe Martim Moab avisar o Governador de Santarém que, dentro de três dias, quebrava todos os tratados de paz feitos com ele.
SOURE
  No dia 11 de Março Martim Moab estava de volta e daí partiram para Ourém; Daí seguiram para a Serra de Albardos no dia 12, à noitinha, partiram para Pernes tendo chegado no dia 13 de Março  de 1147  ao alvorecer.
PERNES
 Em Pernes D. Afonso Henriques fala aos companheiros e, ao explicar-lhes o que vão fazer, divide-os em grupos de dez homens  e, ao dar  uma escada a cada grupo para subirem as muralhas, dá-lhes ordens para matar quem lhes oferecesse resistência;  Nessa mesma sexta-feira, 14 de Março, os Cónegos Regrantes eram reunidos por S. Teotónio que lhes deu a conhecer todos os planos de  D. Afonso Henriques.    Após a reunião, descalços e, em procissão, entoam em coro, pelos claustros, a Ladainha de Todos os Santos; Uma vez todos reunidos em Pernes os soldados quiseram partir sozinhos, mas o Rei não os deixou, tendo partido todos, já de noite, para Santarém.
 
SANTARÉM – UMA DAS PORTAS DA CIDADE
   Animados por El-Rei tinham mais força e coragem. Desmontaram os cavalos e seguiram com muita atenção pelo fundo do vale que ficava entre Mortinaz e a fonte Alumamal. O primeiro era Mem-Ramires que se preparava para atacar a cidade; Esconderam-se entre os arbustos e vegetação existentes no local, esperando que as sentinelas adormecessem; Quando dormidos, já em sono alto, Mem-Ramires saltou para um telhado rente à muralha onde, atirando uma escada que ficou mal presa, esta acabou por cair, fazendo muito barulho; O resultado foi que os sentinelas ficaram alertados e gritaram “ Traição, Traição dos Nazarenos “, mas Mem-Ramires respondeu-lhes “ Santiago, D. Afonso e Virgem Mãe”-
Entretanto, já tinham subido vinte e cinco homens que se juntaram a Mem-Ramires tendo este dado ordens para matar todos os sentinelas ao mesmo tempo que outros soldados abriam as grandes portas da cidade para que o Rei e os que estavam de fora entrassem; As portas eram muito fortes e o Rei apercebendo-se disso manda para, os de dentro, um malho com o qual partiram por completo as fechaduras e ferrolhos, entrando assim livremente com o resto do seu exército.
   O Rei ao entrar nesta tão grande porta, com os braços erguidos, agradeceu a Deus esta vitória que tinha conseguido tão facilmente.
    Amanhecia, estávamos a 15 de Março de 1147, pelas  ruas escorria  sangue, duma maneira tão intensa, que parecia que se matava ali gado; Com esta extraordinária vitória D. Afonso Henriques engrandecia não só o seu pequeno país, mas também o seu prestígio; Muito agradecido aos Templários que foram grandes colaboradores desta conquista, deu-lhes o governo eclesiástico da cidade e o direito â renda de todas as igrejas.
    D. Afonso Henriques, já na posse de Santarém, sonhava agora com Lisboa, mas esta era uma cidade poderosíssima e por nada se renderia ao pequeno exército que dispunha.

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Março de 2011


                                                                      

quarta-feira, 23 de março de 2011

EXCERTO DA MINHA AUTOBIOGRAFIA NÃO PUBLICADA

EXCERTO DA MINHA AUTOBIOGRAFIA
O autor com 13 anos -1952
  O meu tutor ficou satisfeito ; Comprou foguetes para  festejar quando chegámos  à aldeia  ; Eu  vinha  com uma satisfação tripla; Aos 12 anos tinha ido estrear  metade de um par  de botas novas , a da frente;  A outra parte, a de trás,  era velha; As duas partes, foram restauradas, por um sapateiro da aldeia,  a partir de umas botas velhas, do meu primo, seis anos mais velho do que eu e que era  filho do meu tutor;  Vestia o meu primeiro fato novo e tinha ido , também, pela primeira vez, à vila para fazer os meus exames do  Ensino Primário Elementar- 4ª Classe - onde fui aprovado com distinção.
  Depressa  arrumei as botas; Os contra-fortes estavam  crestados  e faziam roeduras nos pés ; Era melhor  continuar a andar descalço; Na aldeia as ruas eram cheias de mato em frente às casas  onde era pisado pelas pessoas, carroças e animais; Era depois retirado para as hortas onde ia servir de estrume; Adubos químicos, se existiam, não havia dinheiro para os comprar; Por vezes, além do mato, havia também tojos e silvas nas ruas e era doloroso fazer a travessia nalguns locais da aldeia; Por outro lado, nas estradas e caminhos, só  havia pó no verão, poças de água barrenta e lama no inverno; Mais tarde, apareceram as calçadas, mas só nas ruas principais das aldeias, porque o alcatrão, ouro para a época, ainda não tinha chegado às povoações ; A escola já tinha acabado; Os pés sofriam e o corpo também.
IV
   A disciplina a que fui submetido  era rigorosa; Conheci vários regulamentos discipinares; O caseiro RDC, o Escolar RDE  e mais tarde o do Exército RDM. Cedo, por não ter quem me defendesse , aprendi a sobreviver às provocações;  Sempre que algum colega mais velho me batia ,eu recorria à minha tia – o meu tutor estava quase sempre ausente -  para fazer as queixas e obtinha sempre a mesma resposta, Bate-lhes tamãe ,   até que desisti de me queixar.
   Nestas circunstâncias defendia-me com um ramalho – havia muitos em todo o lado – que utilizava de lado e cima para baixo e os adversários ao ficarem a saber como elas mordiam, começaram a não mais se meterem comigo;  Do famoso escritor Aquilino Ribeiro  li , mais tarde,no busto seu que está na sua casa museu,em Soutosa .Vila Nova de Paiva " De pena na mão procuro ser original, independente e inteiriço como um bárbaro "; Ora eu, também, para atingir o meu objectivo, não utilizando a pena utilizava o ramalho , isto é, quem não tem  cão caça com  um gato .
Cumprimentos da Biblioteca Viva
Março de 2011

domingo, 20 de março de 2011

AS DILIGÊNCIAS E ALGUMA HISTÓRIA

AS DILIGÊNCIAS E ALGUMA HISTÓRIA
   Em tempos li, mais ou menos isto que vou postar nesta narrativa, da Monografia do Concelho de Castanheira de  Pêra da autoria de Kalidás Barreto que em relação ao título em assunto, existiu no concelho, uma figura típica de seu nome Álvaro Tomaz,(1884-1966), que contrariando o que ele queria que ficasse no seu epitáfio, a seguir:
AQUI JAZ
O ALVARO TOMAZ
EM VIDA NADA FEZ
AGORA NADA FAZ.

   Ele trabalhava na diligência que fazia a ligação entre os concelhos de Pombal, Ansião, Figueiró dos Vinhos, Pedrógão Grande, sem ligação em Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pêra, e vice – versa, com a finalidade de levar a partir do seu concelho os passageiros para o comboio em Pombal e para, no retorno, proceder ao transporte daqueles que, ao saírem do comboio, pretendessem regressar aos concelhos, aqui já citados.
    Antes do início da  viagem de retorno, este anunciava que havia três classes de passageiros, explicando-lhes: Os de primeira vão de diligência até à Castanheira de Pêra na berlinda, os de segunda, quando chegarmos à Ribeira de Alge, antes do início da subida, têm que subir a pé até cimo desta - mais ou menos quatro quilómetros - e os de terceira têm que se apear também, mas têm que empurrar a diligência até ao início da descida para a Aldeia de Ana de Avis.
  Tudo bem, combinado e aceite o acordo, cada passageiro lá pagava o seu bilhete e o bom do Álvaro Tomaz , lá iniciava a viagem para satisfação dos passageiros que vinham para Ansião que, ao descerem muito antes da subida da Ribeira de Alge, se livravam de ter de empurrar a diligência, por um lado  e,  por poderem, ainda, fazer o percurso, se o quisessem, comprando os  bilhetes mais baratos. Sempre houve e vai continuar a haver uns com mais sorte do que outros!
   Actualmente, o problema está ultrapassado com a abertura na nova via IC 8 que liga Figueira da Foz a Castelo Branco, mas não me deixou de preocupar o sofrimento que aqueles moradores dos concelhos, mais a norte da Beira Litoral servidos por estas estradas, quase de terra batida, tiveram de suportar durante décadas até ao aparecimento do alcatrão.
CONCLUSÕES DESTA HISTÓRIA COM UM POUCO DE HISTÓRIA
   Como se tem verificado através da história sempre houve divisão de classes, a saber: No tempo de D. Afonso Henriques, nós éramos quinhentos mil habitantes, quando ele nomeou para seu Ministro das Finanças, Yahia Ben Yahia de origem judia que a história recorda como tendo sido um bom ministro, existiam: O Clero, a Nobreza, e o Povo; O Clero compreendia: Bispos, cónegos, sacerdotes seculares e regulares; A Nobreza compreendia: Ricos Homens, infanções, cavaleiros e escudeiros; No Povo, existiam os cavaleiros - vilões e os peões; Os primeiros eram proprietários que não eram nobres, mas não pagavam impostos e só eram obrigados ao serviço militar a cavalo; Os peões entre os quais se encontravam os servos estavam sujeitos à aciduva, que consistia em trabalharem gratuitamente na construção de castelos e outros edifícios.
   A nossa população passou a ser; De novecentos mil no reinado de D. Dinis; No reinado do Mestre de Avis, D. João I, passámos a um milhão  ; No fim do século XV  a um milão e quinhentos mil  ; No reinado de D.José ,  a  três milhões e, destes, trezentos mil , estavam ligados ao Clero, segundo Kenneth Maxwel, no seu livro sobre o Marquês de Pombal,  onde nos conta o que o Clero sofreu, infelizmente, porque ele - Marquês - entendeu ser impossível governar com dez por cento desta  classe , em virtude dos poderes que na altura  aquela tinha.
   Ao mesmo tempo em França, mas por outro motivo, também se queixava Napoleão Bonaparte, ao dizer que era impossível governar a França porque só de variedades de queijo tinha duzentas e cinquenta.
  Quando eu saí da escola, nos anos cinquenta, nós éramos dez milhões e ainda hoje esse mesmo número se mantém, segundo o que se tem noticiado em relação a este assunto.
  A partir do 25 de Abril eu comecei a ficar baralhado com a divisão de classes que actualmente existem e verifico que o mesmo grupo - O Povo - que, tal como os Peões, que nem cavalo tinham no tempo de D. Afonso Henriques, continua ainda a viver neste século, com as dificuldades gerais que são conhecidas pela imprensa diariamente e fico admirado de ouvir  dizer que tudo está bem por parte de quem o governa.
    E, os do grupo que, na altura, não empurrava a diligência, por terem ainda algum nível de vida, os chamados - Classe Média - estão a ver no dia-a-dia que passa cada vez mais perto a hora que têm de começar a empurrar isto para a frente, já que ao Povo também  pertencem, de modo a que essa situação se não agrave mais do que aquilo que já está.
  É claro para mim que compete aos políticos, que estão bem na vida, motivar esta mobilização mas, estes não se lembram, ou fazem-se esquecidos, daqueles – O Povo - que os elegeu para os servir e não para Estes se servirem Dele.
   Finalmente foi, por me ter lembrado daqueles que tinham de empurrar a diligência, que fiz esta  dissertação no sentido de tornar esta história triste,  numa mais alegre  mas , infelizmente,  para mim, verdadeira.
  Cumprimentos da Biblioteca Viva
Março de 2011.

PS: A imagem foi tirada do Google e alguns apontamentos de história foram retirados das  aulas dadas, naquela disciplina, no Liceu,  pela minha filha, nos anos setenta.


sábado, 19 de março de 2011

EXCERTO DA MINHA AUTO BIOGRAFIA!

EXCERTO DA MINHA AUTO BIOGRAFIA NÃO PUBLICADA 
O autor com 14 anos de idade- 1952
VIII
    Confesso que não foi  fácil; As mesmas botas, que pareciam uns Ghost Shoes,  que eu já tinha arrumado, voltaram a acompanhar-me e passados uns dias , parecia mais um coxo do que um jovem sadio e em plena  juventude, tinha doze  anos;  Valeu-me a sorte de me mandarem fazer um par de sapatos de cabedal ;    que , a parte da pele chamada flor, ficava virada para fora; Era feia e a sua manutenção era feita à base de sebo;  A juventude da vila não usava aquele estilo de calçado; Tive que pensar  a maneira de ultrapassar o  problema; A casa onde trabalhava tinha um  rés-do-chão e um sótão elevado;  O res-do-chão, no exterior, tinha um roda-pé em cimento;  Pensei e deu resultado; Havia três empregadas domésticas que tinham por hábito ao serão virem colocar-se à janela; Nessa altura eu, na parte de fora em cima do passeio, começava o “ruca-ruca” isto é – biqueira da frente do sapato a roçar  no cimento-; Digo-vos , caros leitores, que não foi preciso mais do que uma semana para os sapatos ficarem sem conserto.
     Sou chamado à atenção pelo meu patrão que torce o bigode, mas compreendeu o motivo da minha insatisfação e autoriza que os novos sapatos já fossem feitos com  a pele lisa virada para fora; Depois,  era ver o brilho que os mesmos ostentavam; Eram tantas as camadas de tinta e pomada que pareciam de calfe  de boa qualidade;  Causavam inveja á juventude da  vila. 
IX

   Mais tarde comecei a pesquisar a razão de eu  não ter crescido e após várias  pesquisas encontrei uma que, pela analogia que fiz e, ao aceitá-la, não pesquisei mais;   Na minha aldeia dizia-se que ,quando qualquer  fruta, feijão, couve, etc não crescia bem,  as plantas tinham a  Mela; Depois , tentei decifrar o sentido, antes de  ir,à Enciclopédia, ver outro significado para a palavra se esta  fosse lida ao contrário e com um acento agudo  no é ; O  resultado da pesquisa deixou-me preocupado e apreensivo.;  Será que  a Mela também  tem  que ver com o não crescimento humano? É que as plantas tal como os humanos precisam de alimentação;  E a fome , no meio disto ,onde é que fica? Chiça!   Para o  Além, quando mais tarde melhor.
Cumprimentos da Biblioteca Viva
Março de 2011

FIDELIDADE A QUANTO OBRIGAS !

 FIDELIDADE A QUANTO OBRIGAS!



     Na minha aldeia conta-se, como anedota que, num belo dia de Primavera, um par de  noivos estava sentado num banco dum jardim naquele «Dolce, fare niente», normal entre namorados e eis que num momento de maior fulgor estes se começam a beijar, tão loucamente, que nem se apercebem da aproximação do Padre da Aldeia, que ao ver a cena, parou e sem falar, abriu os dedos e a palma da mão direita e   com um gesto na vertical passou a mão de cima para baixo e,  com a mesma mão, mas na posição horizontal, passou a  mão da esquerda para a direita, fazendo com  estes dois gestos o sinal da cruz; Depois continuou o seu caminho só que a noiva viu a feitura dos gestos e, intrigada, perguntou ao noivo qual o seu significado.   Este, com um à vontade natural, abana a cabeça já fresca da cena, e disse-lhe que não sabia, mas acrescentou:

«Se queres saber é melhor ires fazer a pergunta ao Padre por que eu também estou interessado em saber e ele ainda não vai muito longe.»

Naquela fase do romance qualquer pedido do noivo, por norma é satisfeito, e eis que a noiva avança mesmo na direcção do Padre e, ao colocar-lhe a pergunta para a sua intriga, o Padre respondeu-lhe;
                    «Ouve e aprende minha filha, de pé é bom, mas deitado é  ainda melhor.»
   Passados uns tempos casam pela igreja e eles, tal como eu que já lá vão cinco décadas e um lustro, não se livraram de jurar o tradicional compromisso da fidelidade, de amarem-se e serem solidários na saúde e na doença para os restantes dias das suas vidas. 
    Se até aqui tudo me parece correcto, tal facto não evitou que eu, ao longo do meu tempo de casado que citei antes,  fosse pesquisar o que, sobre os compromissos do casamento, havia sido escrito e lembrei-me que, na minha Biblioteca física, existia um livro escrito, curiosamente  por um solteiro, de nome D. Francisco Manuel de Melo, que viveu no reinado de D, Duarte, o Eloquente, com o título de Carta de Guia de Casados.
     Para ser mais claro na minha exposição,  vou associar aqui o nome do noivo, Mozen Gralha,  à nossa anedota  inicial, por ser ele o nosso herói, como a seguir verão no decorrer desta narrativa ;  No referido livro citado no período anterior eu ,ao longo dos vários conselhos insertos no mesmo,   li, mais ou menos,  o que consta no periodo seguinte:


    No tempo do Imperador Carlos V de Espanha, o nosso bom Gralha  foi zurdir  para Itália, onde as campanhas bélicas do Imperador se desenrolavam naquela altura; E, um belo dia, este recebe uma carta da Madame Gralha, que  além de outros  assuntos, continha  uma enigmática expressão para ele, a saber:
«Mozen Gralha , Mozen Gralha olha que o amor não come palha.»
   O nosso herói, ao ficar intrigado, coloca a questão ao seu superior, que por sua vez a coloca ao Imperador; Naquela altura, na arte da guerra, os responsáveis se não estavam na frente da batalha, deveriam andar por ali muito perto;  O imperado, ao ler a carta, chama o nosso herói e para  não ficar com os remorsos de ser ele o culpado da ameaça que pairava  sobre  ele, em relação ao o juramento que havia feito na igreja,  diz-lhe; 


  «Vai em paz, meu bom Soldado e dá graças a Deus por ela te ter avisado, pois não é normal nos tempos que correm isso acontecer».

   Mas estas coisas sempre deixam marcas e um belo dia o bom do Mozen Gralha é convidado por um grupo de amigos, para ir fazer uma caçada num fim-de-semana e que, no fim, haveria uma pequena festa, entre eles, onde utilizavam, como ingredientes o resultado da caçada.

    O nosso Herói,  ao aceitar o convite, pensava que a festa ia acabar mais cedo e, como esta estava a ir mais além no tempo  que aquele entendia que devia  estar fora de casa,   sorrateiramente, dá «o fora» sem se despedir dos amigos. Quando estes se apercebem da falta do nosso herói já ele ia a começar a subir uma encosta em direcção à sua casa e, ao ser interpelado pelos amigos do motivo de tal procedimento, este grita bem alto para todos os amigos o ouvissem:
   «Amigos eu me vou pois se fico mais de vinte e quatro horas no campo cuido que me torno boi.»
CONCLUSÕES DESTA HISTÓRIA.


    Não me parece seja necessária a existência do Diploma de Casado, para se poder opinar sobre esta matéria visto que o autor do livro o demonstrou, neste e em outros assuntos ligados ao matrimónio, o seu total conhecimento da vida conjugal; Em relação à Fidelidade por parte dele, já me é lícita a  existência da  dúvida para poder perguntar a alguém onde é que ele poderia ter aprendido aquilo tudo sozinho uma vez que era solteiro.
   Ora Gil Vicente, mais tarde, na sua obra a Farsa da Inês Pereira, em dada altura, lá para o fim, se bem me lembro, aparece um homem sobre alguém, vangloriando-se com estas palavras: Assim se fazem as cousas,  pelo que não deve ter aprendido com o autor da obra citada, em tempo, nesta narrativa.
  Quanto â Madame Gralha podia ter sido mais explicita se lhe tivesse colocado  a sua questão em verso,  conforme quadra seguinte, de minha autoria:
 MOZEN GRALHA, MOZEN GRALHA!
O QUE O PADRE DISSE ESTÁ BEM!
COMO O AMOR NÃO COME PALHA,
VEM MEU       ANJO, VEM MEU BEM.
   Se assim tivesse  procedido, duvido que o nosso herói não tivesse percebido logo o perigo que estava a correr se não regressasse a casa.
   Espero que gostem e comentem.
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Março de 2011

terça-feira, 15 de março de 2011

A BIBLIOTECA VIVA


BIBLIOTECA VIVA
                                                                                               
    Os árabes costumam dizer que cada idoso que morre é uma  Biblioteca Viva  que desaparece. Pela minha parte, vou tentar, com humildade, passar a escrito, para que estas memórias se não percam, a partir desta rubrica, com o nome de  BV- Biblioteca Viva - tudo o que vi, vivi e senti visto, que le temps qui passe  c´est  la mémoire qui  s´efface. 
                                                            
    Em tempos idos, eu via, com agrado, na TV o programa Conversas Vadias - do filósofo e professor Dr. Agostinho da Silva e , numa dessas conversas, eu  ouvi dele, mais ou menos, isto – À nascença todos os seres nascem iguais, já que todos trazem a mesma partitura na cabeça, só que durante a vida, cada um vai tocando a sua própria partitura em função da experiência que vai adquirindo ; Isto foi o embrião, melhor a chama, que nasceu dentro de mim, no sentido de explorar a citada expressão e ver o que poderia pesquisar, em relação ao mundo que nos rodeia e tentar perceber quais os motivos que estão na base de se ouvir com frequência – cada cabeça sua sentença - quando, em presença de pessoas , com o mesmo Egograma de  criança, adolescente ou adulto,  se comportam todas de maneira diferente.
     I
    Assim  irei tentar  abordar   os assuntos em relação às quais sinta que não deverão ficar a ocupar espaço na minha BV, no sentido de  poder libertar  memória para poder continuar a escrever a minha autobiografia, quase completa, que terei muito gosto  em partilhar convosco, caros leitores alguns excertos, cujo título é - A autobiografia de um humilde jovem que ficou órfão de pai e mãe, quando tinha um ano e dois, respectivamente, no ano em que a Segunda Guerra Mundial ainda estava no Inicio - logo que estejam reunidas todas as condições para que este meu desiderato esteja satisfeito. Peço, desde já desculpa por qualquer solecismo que, eventualmente - ninguém é perfeito - possam vir a encontrar.
     II
   O Povo diz que - A humildade é filha do amor, pois não se é humilde senão diante do que se ama - por outro lado, Shakespeare em Troïius and Cressilda escreveu - a humildade é o farol do sábio, mas , curiosamente, ainda - Aurélien Scholl - chamou-lhe - a capa do talento.   Para já, vou excluir o farol do sábio, que não o sou, mas vou tirar a capa para ver, se tenho o talento, necessário para dar seguimento à informação que me propus dar no meu Blogue.
   Assim, pegando na expressão latina – Ordiendus ab Ínitio – cá vai, para começar com o desenvolvimento do tema ,  OS DONS DA NATUREZA. Espero, caros leitores, que tenham tanta satisfação ao lê-lo como aquela que, ao escrevê-lo, eu tive.
No mundo criado por Deus, tudo é Dom, visto que:    
NA NATUREZA TUDO PODE SER BOM
NA  NATUREZA TUDO PODE SER MAU
NA NATUREZA TUDO EXISTE NA NAU
NA NATUREZA TUDO EXISTE, TUD' É DOM
      A partir  da aliteracia  que estes versos encerram vou tentar explorar ,como disse, este tema tão apaixonante que por ser ilimitado, começo por  dizer que , em relação ao que  o Dr.Agostinho da Silva disse quando afirmou que todos os seres vivos nascem iguais  e com a mesma partitura na cabeça,  na minha experiência  vivida existem algumas excepções , a saber:  Seres vivos com falta de visão, com deficiências  na fala - pselismo- , no olfacto- parosmia - se ausência total  ou anosmia se ausência parcial,  na audição, no paladar - agueusia, os chamados agueusicos, mudos e surdos-mudos, etc.  Não esquecendo, também,  os coxos, os marrecos e os aleijados; No entanto a regra pode ter e tem algum  conteudo de verdade ; Quem sou eu para o desmentir!   
   I
  Deus quando criou o mundo  diz-se que pensou em tudo para que  este fosse perfeito pelo que, ao criar todos os Dons que existem na Natureza,   disponibilizou a todos os seres vivos a possibilidade de, do conjunto dos Dons,  cada um fosse seleccionar aqueles que,   em cada momento da sua existência, melhor se adaptassem ao seu estilo de vida,  à medida que novos desafios lhes fossem postos pela sociedade;  Deus ,como Ordenador do mundo, criou este segundo uma determinada ordem e deixou para Seu uso  apenas o Dom da Ubiquidade, já que apenas Ele e só Ele pode estar em todos os lugares existentes no globo ao mesmo tempo.
  II
  No nosso alfabeto, vamos encontrar um número quase infinito de Dons em cada letra do mesmo ; Na relação seguinte,  irei  dar alguns exemplos para cada letra e tentar assim demonstrar a  aliteracia existente em cada verso deste tema.                                                         
                                                       ALGUNS EXEMPLOS DE DONS DA NATUREZA
A
B
C
D
Amar
Beijar
Comunicar
Dar
Achincalhar
Bloquear
Cooperar
Desafiar
Aceitar
Benfeitor
Cantar
Descobrir
Assertividade
Bondade
Caridade
Desdenhar
Apoiar
Burlar
Cleptomania
Detalhar
E
F
G
H
Economizar
Facilitar
Ganhar
Hipnotizar
Eficácia
Falar
Gastar
Hospitalidade
Elucidar
Faltar
Gabar-se
Humanizar
Emperrar
Fantasiar
Galantear
Humildade
Embalar
Fascinar
Gostar
Hostilizar
I
J
L
M
Idealizar
Jogar
Ladrar
Mentir
Igualdade
Julgar
Libertar
Meiguice
Ignorar
Jejuar
Lançar
Magoar
Imitar
Juntar
Lembrar
Maldizer
Impedir
Jurar
Lisonjear
Manipular
N
O
P
Q
Nadar
Obliterar
Prolepse
Qualificar
Neutralidade
Odiar
Poder
Queixar-se
Nivelar
Ofender
             Palavra 
Queimar
Normalizar
Oferecer
Pavonear
Quebrar
Negociar
Opinar
Permutar
Quantidade
R
S
T
U
Reconhecer
 Situar-se
Tachar
Ubiquidade
Rancor
Saquear
Tagarelar
Ultrajar
Reclamar
Sinceridade
Tergiversar
Unificar
Rebaixar-se
Seguir
Tirar
Usurpar
Reanimar
Servir
Uniformizar
V
X
Z
Vadiar
Xurdir
Zelar
Vangloriar-se
Xaquear
Zumbar
Velocidade
Xaropar
Zangar
Verdade
Xingar
Zarelhar
Viver
Xocar
Zangar
                                                                SELECÇÃO DOS DONS

 Antes de entrar no desenvolvimento do tema deste capítulo, quero sublinhar, em linguagem figurada,  a relação que a utilização dos Dons, em minha opinião, tem com a informática  e as máquinas de tratamento de dados, já que este problema se levanta  ,em 1954,  à IBM Francesa, quando não queria empregar o termo calculadora  porque esta palavra limitava as possibilidades da utilização da máquina , por um lado e por outro lado não conseguia exprimir todas as inovações técnicas que os novos equipamentos de tratamento de dados, naquela altura, já  possuíam.
   Assim, para resolver o problema a IBM  dirige-se,  então, ao  professor Jacques Perret,da Faculdade de Letras de Paris, que propõe restaurar  a palavra teológica Ordenador, caída em desuso há seiscentos anos, porque Deus era o grande Ordenador do mundo que quer dizer  aquele  que põe em ordem segundo um plano; Assim os Franceses passaram então a adoptar, e ainda hoje adoptam, a palavra Ordinateur e os americanos a  utilizar o termo Computer para designarem este tipo de equipamentos.
   Continuando no mesmo tipo de linguagem, em minha opinião, podemos comparar um  Ordenador a uma grande quinta murada e só com  um portão de entrada, porque  cada equipamento, ao ser disponibilizado no mercado, contempla apenas; O hardware, quinquilharia, quinta murada - e o firmware, conjunto de instruções programadas directamente no hardware -porta de entrada para receber os programas  cujas instruções foram feitas de acordo com as necessidades das várias actividades que se desenvolvem dentro da quinta.
    Este conjunto de programas que  são utilizados nos Ordenadores tem o nome de Software Operativo ; Assim,    cada conjunto de instruções escritas -  programa - é  costumizado - feito por medida -  de acordo com as necessidades específicas de cada utilizador final, pelo que há programas - pergaminhos - â frente veremos a razão da utilização deste termo - que são feitos para contabilidade,  industria hoteleira,   controlo de  stocks de armazém,   tratamento de texto,  etc. etc , Depois,  existem  seres com  o Dom de saberem  compilar as instruções necessárias para fazerem cada programa de acordo com as necessidades especificas de cada sector de actividade.
    I                                                                                    
   Agora , quando Deus ordenou o mundo de acordo com um plano,  disponibilizou na  Sua Nau - Base de Dados -  um conjunto infinito de Ideias e de Dons que ali co-habitam à espera  de que cada ser vivo ali vá descobrir - digo descobrir e não inventar porque não há alguém no globo que consiga inventar seja o que for,  porque, na Nau de Deus,  Base de Dados ,está lá tudo  - os Dons e as ideias necessárias para cada ser  criar, ou  ir criando os  Pergaminhos - programas - através da sua porta - cérebro - que o  irão acompanhar durante todas as fases da sua vida.
    II
  As dificuldades começam a aparecer depois,  porque não se fizeram as  descobertas certas para  o Pergaminho certo  no momento certo;  Há Dons que pela sua sublime grandeza deviam ser standard e estarem presentes em todos  os seres, com real  ênfase no Dom da Humildade - que já falei no inicio deste tema - e o de Saber Situar-se. 
  Quanto ao Dom Saber Situar-se André Siegfried declarava em  em Présentation de  l´Institut  des Sciences Techniques et Humaines:  "  Na minha opinião, a cultura geral consiste  essencialmente em saber situar-se . Um homem que não se situa, pode ser muito hábil, mas não é um homem de cultura geral; este último, possuindo  uma especialidade, sabe onde está e qual é  a relação da sua especialidade com o conjunto, E assim o que adquire ele? O sentido da medida,  da proporção, sem o qual não há juízo Deste modo aparecem  as relações da técnica e da cultura. A técnica  não é somente técnica, tal como a cultura não é sòmente literária. Aprender o particular  é a educação técnica , situar este particular no geral, aprender a ver o que há de geral no particular, eis verdadeiramente em que consiste a cultura.".
   Existem Dons como o de Desafiar - provocar,   convidar para um duelo - que não deveriam fazer parte de qualquer pergaminho e hoje, infelizmente,   este é até utilizado por  responsáveis políticos, quando  na sua ânsia da manutenção do Dom do  poder,  tudo fazem para nele permanecerem; Para estes  o Dom da humildade e o Dom  de saber Ouvir - aprende-se mais a ouvir do que a falar - não entrou nunca,  nem entrará  no seude  firmware.
   III                                                                                    
  Antes de passar à fase dos pergaminhos, queria chamar a atenção para o facto da Análise Estratégica se reger por três dogmas, a saber: 
    Iº DOGMA -  Todo o ser vivo tem sempre uma certa percentagem de liberdade  -  logo, se faz é por que quer.
   2º DOGMA - O indivíduo joga sempre  uma percentagem  da sua liberdade racionalmente - logo,  o indivíduo nunca é estúpido.  
   3º DOGMA  -  O individuo é racional - logo, quando age é sempre para aumentar o seu poder.
   IV                                                                                              
  Cada ser vivo deve fazer o seu egograma e verificar quais os seus estados de alma em função do seu enquadramento num dos dois grandes grupos da natureza, a saber: O das Certezas em que a generalidade dos seres se encontra, bastando-lhe para sobreviver, ter o Dom de Saber Ler; Claro que este grupo consegue sobreviver sem saber ler mas, como quem escreve um conto sempre lhe acrescenta um ponto, se não for uma palavra, é sempre melhor para estes serem  sempre regidos por normas escritas. Deste grupo nunca devem existir gestores, por que as ordens, ao serem emanadas , pelo grupo das  incertezas,  e uma vez afixadas, é só criar os mecanismos de controlo para que as mesmas sejam cumpridas; Ora, o grupo  das Incertezas, está reservado a um número mais restrito de seres que, ao utilizarem bem o Dom de Descobrir, conseguiram, associá-lo ,também, ao Dom da Prolepse , poder de antecipar os problemas e resolvê-los com antecedência; É deste grupo, que devem sair os futuros dirigentes.
  V                                                                                                                                                                
  Eric  Bern, médico psiquiatra americano, (1910-1970) criou a Análise Transaccional para lhe facilitar o diálogo com os seus pacientes, tendo este método depressa chegado à Europa e, em especial à França, onde a partir dos anos setenta começou a ser estudado e aplicado com enorme sucesso sobretudo nas classes dirigentes. Verifica-se hoje, que alguns seres deste grupo, só conseguem sobreviver utilizado o Pai Autoritário, que existe nos estados de alma que cada um de nós tem, no chamado PAC, para continuarem agarrados ao poder.
.
                  PAI
            ADULTO
            CRIANÇA
   Para isso encontrou em cada um de nós ,  um pouco de (P) Pai, que pode ser autoritário ou protector, um pouco de (A) Adulto e um pouco de (C) Criança que pode ser: Rebelde ou Submissa. O ideal era que todas as nossas relações fossem de Adulto para Adulto, o que infelizmente, nem sempre acontece.
   VI
   Hoje, em alguns casos, verifica-se, a existência de dirigentes que, para se defenderem das suas próprias insuficiência técnicas  e culturais,  usam e abusam do Pai Autoritário e só gostam de receber respostas do tipo Criança Submissa; Quando as respostas às questões saiem do tipo Criança Rebelde o interlocutor pode pensar em mudar de actividade. Quando, em tempo oportuno, virem excertos da minha autobiografia compreenderão melhor a razão de eu me ter reformado antes dos cinquenta e seis anos. 
   O dirigente, para o ser na sua plenitude, não  se pode esquecer de ir à Nau – Base de Dados -e  descobrir lá, para incluir no seu  Firmware, o Dom de Ser Aceite, porque  se encontrar lá o Dom de Se Impor deve deixá-lo  lá quietinho no seu canto.
  VII
  O verdadeiro dirigente nunca se deve impor, mas sim deve ter o Dom de Saber Ouvir já que se aprende mais a ouvir do que a falar como já disse anteriormente; Bergson aconselhava os dirigentes a pensarem com acção e a decidirem com o pensamento;  De Veni(s), Vidi(s) Vici(s)  ,conheci  só um na história e a mesma conta o que lhe aconteceu, refiro-me ,claro, a  Caio Júlio César, mas há outros  chefes por exemplo, F.J. Philips, presidente do grupo mundial Philips que contava com mais de  duzentos e cinquenta mil assalariados,  declarar, em Outubro de 1965, para  um brilhante  auditório de chefes de empresa em Londres  " Os patrões devem manifestar mais interesse pelos seus subordinados  dando-lhes as razões que os levam a  determinar certos actos ou a exigir certos serviços. Não basta dizer ao motorista que nos deve levar muito depressa a Milão  é também necessário explicar-lhe   a razão  por que temos de chegai lá rapidamente “. Eu conhecia  e conheço estes Dons e sempre os utilizei; Digo-vos, com os meus subordinados nunca tive qualquer problema, mas nunca tive a coragem, talvez por erro meu, em trazer os meus para fora do quadrado em que estava inserido pois,  os ingleses têm a expressão " Don´t race against the waves" , e eu para não ser promovido por Arabesco Lateral , Princípio de Peter, decidi adaptar-me à forma da vaga.



                                                    FEITURA E USO DOS PERGAMINHOS

    A  convicção, de que algo deve ser feito, em cada momento da nossa  vida, é o primeiro passo  para se atingir a razão e se possível, , tornar esta o mais justa e  inequivocamente  assertiva , na hora  e no momento ,em  que somos chamados  a;  Decidir, opinar, colaborar.a aceitar, julgar  etc, consoante as situações  com que nos confrontamos no nosso dia a dia.
   Disse o primeiro passo,  porque a  razão não se atinge a partir daquela, e ninguém deverá pensar que pode exercer  cabalmente  o seu papel na sociedade  a viver só  no mundo das convicções; Para isso, é importante que cada um de nós, ao longo da sua vida vá enriquecendo a sua partitura, utilizando na feitura de cada pergaminho- programa-  as idéias e os Dons  que existem na Nau de Deus, para atingir a razáo na sua plenitude.
  Cada pergaminho, tal como um programa feito para um ordenador,  deve  conter os Dons necessários e suficientes para responder às situações sempre que seja chamado, ou que por sua iniciativa, deseje intervir no conjunto em que estiver situado, donde para cada situação , como é óbvio, deve ser utilizado, da nossa base de dados.- cérebro - um pergaminho diferente.
  Deus, ao ordenar o mundo segundo um  plano criou este perfeito e deixou a cada um de nós a possibilidade de o continuar a manter perfeito, só que nem sempre a descoberta dos Dons e a maneira como são utilizados em cada pergaminho é a mais adequada e daí, quando na  descoberta  de algum Dom, este não é compatível com outro,por exemplo: :Humildade com arrogância, verdade com a mentira, caridade com a usura, etc é evidente que no Mundo da Natreza tudo pode ser Mau  mas,  se na  descoberta, por exemplo, aparecerem  os Dons de : Amar com  o de Hospitalidade, decidir com o da prolépse, verdade com o da sinceridade, etc, então tudo  no Mundo da a Natureza pode ser Bom e  deveria ser Bom , como foi a vontade de Deus quando o criou.  . 
   Dos poucos seres do grupo das incertezas que têm o Dom de Destruir,  nos seus pergaminhos,  deveriam, se querem seguir nesta sua peregrinação pela Nau de Deus e concomitante pelo mundo perfeito que Ele criou,   não utilizar o Dom de Adquirir, nem o de Construir armas para ofendê-Lo, bem como os restantes seres do grupo das certezas, que são a maioria, mas sim terem o Dom sublime da  Paciência para sofrer e não fazerem sofrer os restantes seres da Humanidade. 
  Portanto, como tudo isto existe na Nau de Deus, termino com os mesmos versos com que inciei este tema e que ao longo desta descrição tentei dar pistas para reflexão
  Finalmente: Os chineses  têm  o provérbio - Não me dês peixe ensina-me a pescar - e então agora, quando cada um quiser e entender necessário, que  vá agarrar  na cana para pescar o pergaminho  que deverá  utilizar na hora certa e no momento  certo, visto que,  para isso, não é preciso  ter o Dom de Saber Pescar., mas sim, como disse anteriormente, o de Descobrir.

NA NATUREZA TUDO PODE SER BOM
NA NATUREZA TUDO PODE SER MAU
NA NATUREZA TUDO EXISTE NA NAU
NA NATUREZA TUDO EXISTE, TUD' É DOM


Cumprimentos da Biblioteca Viva