ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO
CRIAÇÃO DOS CONCELHOS
D. Afonso
Henriques
(N. 25-07-1109 - M. 06-12-1185.)
Os concelhos eram o aglomerados de populações,
onde o povo começou a exercitar os seus direitos e a cumprir os seus deveres.
El-rei
facilitava ao máximo a criação destes concelhos que eram formados, à base de
foral concedido pelo senhor, se os terrenos eram férteis e a região saudável.
Certo era
que nos concelhos se juntava muita população e, quando este se situava num
sítio de piores condições, ficando apenas como sede, a população espalhava-se
por aldeias e freguesias rurais.
D. Afonso Henriques tomou também a
iniciativa de criar concelhos, assim como o clero e a nobreza. Convinha ao
Rei criar concelhos por motivos de ordem económica e política. Ao povo
convinha, também, organizar-se diretamente debaixo da proteção da coroa, visto
que tentava fugir ao senhorio do clero e da nobreza. Por isso essas fundações
se multiplicaram muito rapidamente.
A fundação de concelhos dependia, em regra,
de um foral que era um diploma contendo leis particulares pelas quais a
população se regia. Mas, por vezes, o foral surgia quando o povoado já
estava formado vindo apenas confirmar os factos já existentes.
Existiam duas mil duzentas e trinta e
três terras que tiveram foral sendo o
primeiro, de que há notícia, datado de 1096,
concedido pelo conde D. Henrique e
por Dª Teresa aos povoadores de Constantim de Panóias, treze anos
antes do nascimento de D. Afonso
Henriques, que vem a confirmar aquele em 1128.
Santuário de Constantim de Panóias
(Aconselho ver mais em WiKipédia)
A
importância política dos concelhos, assim organizados, desde a Fundação da
Monarquia Portuguesa, não precisa de ser realçada pois em todas as povoações
assim formadas o povo foi chamado, desde o primeiro momento, a reger os seus
próprios destinos, diretamente com o acordo do Rei sem que os senhores pudessem
intervir na vida dos concelhos.
Graças a
esta maravilhosa organização política e ao facto da luta contra os mouros
obrigar a uma vida de movimentações constantes o Feudalismo não se enraizou em
Portugal e Espanha, limitando-se, apenas, a exercer uma pequena influência.
Não
nos devemos admirar porque o Feudalismo estava em franca dissolução à data da
fundação do reino português, visto que nada entre nós o facilitava, desde a
escassez da gente até à pouca disponibilidade de terras. Isto levou El-Rei a
chamar o povo a combater e a compartilhar com ele os despojos das batalhas.
Quer isto dizer que o reino de Portugal foi
fundado pelo rei, pela nobreza e pelo povo, presidindo el-rei a todos os atos
desde as batalhas com os mouros ou à formação de um couto ou de uma honra.
O Rei de Portugal governava com a Cúria que
era um grupo de homens composto de
prelados e fidalgos que exerciam cumulativamente com o rei o poder
administrativo, executivo, legislativo e judicial.
Compreende-se que, no período das lutas
contra os mouros, D. Afonso Henriques não pudesse reunir as cortes e não
governasse juntamente com a Cúria.
Logo que
os mouros foram submetidos, esta Cúria foi-se transformando nas Famosas Cortes
Gerais do Reino. Estas cortes conservavam apenas na Cúria as funções
legislativas, continuando o poder executivo a caber Rei e aos seus
conselheiros.
O Rei podia fazer leis sem consultar as
cortes, mas não podia invalidar
nenhuma que tivesse sido feita em colaboração com os representantes do reino.
D. Afonso
Henriques amou a vida natural do povo português misturando-se com ele e não
querendo ser mais do que o chefe indispensável de uma grande família de soldados
e lavradores.
Foi o
direito romano que levou os romanos a guiarem-se pelos juristas, impondo Leis
Gerais, muitas vezes, contra os usos e costumes dos concelhos. O mesmo
aconteceu com a justiça.
Quando D. Afonso Henriques fundou
Portugal, ordenou que os juízes fossem eleitos pelo povo nos respetivos
concelhos. É de crer que estes juízes julgassem bem com conhecimento de causa e
voz pública verdadeira.
Destes julgamentos podiam as
partes recorrer ao Rei que constantemente andava pelas terras, vendo e ouvindo
as populações.
PS : Transcrição da Síntese dos Resumos das Aulas de
História feitos, pela Aluna do 5º Ano, Emília Martins Nunes, da Secção de
Queluz, do Liceu Nacional de Passos Manuel, em 1971-1972 – feita por mim, em
Fevereiro de 2009, com o título «Vida e Obra de Afonso Henriques» , ainda não
publicado.
Espero que gostem e comentem.
Publicado por:
Imagens do Álbum do Autor e do Google
abibliotecaviva.blogspot.pt
25-03-2014.
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