quinta-feira, 6 de março de 2014

AUTOPSIA DE UM FUMANTE

AUTÓPSIA DE UM FUMANTE



«O sucesso, muitas vezes, é a consequência de ter dado um passo errado no caminho certo.» A.B.

INTRODUÇÃO

Dia de Carnaval, chovia copiosamente na vila, todos os funcionários tiveram tolerância de ponto, não-feriados só na Lei. A biblioteca da vila, estava fechada, não tinha Net portanto, pelo que me dirigi a um bar próximo. Eram cerca de 10 horas da manhã e a porta do bar encontrava-se fechada, mas com um letreiro onde, se podia ler: «ABERTO». Empurrei a porta, pedi uma garrafa de água das pedras com gaz e sentei-me numa mesa junto à montra. Ao longo da parede, existem, por traz de cada mesa, tomadas de corrente que permitem a conexão do PC à Internet. Como não fumante, uma vez lá dentro, estranhei o ar que ali se respirava. A empregada, muito simpática, de imediato, ao ver-me com a mala do PC na mão, pergunta-me se queria utilizar a Internet, e eu digo cá para comigo «parece que é bruxa» (Risos), ao responder afirmativamente, traz-me, então, a «palavra-passe» num bilhetinho, explicando-me, detalhadamente, como deveria digitalizar os diferentes carateres logo que me fossem solicitados pelo fornecedor da rede.

 À hora acima citada, o bar encontrava-se ainda vazio. De repente, aparece uma jovem que se senta numa mesa próxima, pede um café, puxa do maço de cigarros e começa a fumar um cigarro. O fumo expirado pela fumante, já com saber de experiência feito, dançava no ar em novelinhos que pareciam de neve branca que, naquele dia, não caía lá fora. A cena repete-se, pouco depois, com a entrada de uma senhora de meia-idade para adquirir um maço de tabaco, depois, fuma o seu cigarro e, sem se sentar, bebe o seu café ao balcão, deixando, também, o seu fumo a «dançar» no ar, o qual foi fazer par com o que já lá existia, antes de sair.

Com a rede a funcionar perfeitamente, lá vi e fiz os meus Emails, passei pelo FB e pelos Blogues que acompanho até, que por volta do meio-dia, saio para ir ter com a minha esposa que já me esperava cá fora dentro da nossa viatura.

Ao chegar, a minha esposa, por também não estar habituada ao fumo do tabaco, diz-me com um ar muito admirada «Tu cheiras bastante a tabaco!» e era verdade porque, depois de chegar a casa, pude confirmá-lo logo que procedi à mudança de roupa que trazia vestida.

Depois fui à minha memória viva e lembrei-me de, que quando a minha filha era estudante de medicina, década de setenta, curso que concluiu, de um dia me mostrado uma imagem do coração, de um fumante, dissecado, após uma aula de anatomia, que me impressionou bastante pela negativa. Pouco depois, como leitor assíduo que era das Seleções do Reader´s Digest  - Mês de Julho de 1976  -  páginas nº 9 a 12-   do Autor  Sydney S. Field,  li o  texto do livro que guardei que, ainda  pela sua atualidade,  para reflexão, ensinamentos e meditação, a seguir se reproduz:

«TODOS OS FUMANTES DEVERIAM ASSISTIR A UMA AUTÓPSI COMO ESTA»

« Ned Laroche,  «o  nome e outro tipo de detalhes foram alterados» , gerente de operações de uma  leasing de computadores acabava de chegar a Nova Orleans para uma convenção quando a coisa se deu, enquanto esperava um táxi no aeroporto, foi acometido de um ataque de tosse, e testemunhas, horrorizadas, viram-no cair de bruços. Já estava morto ao chegar ao hospital.
No espaço de uma hora, esse executivo, de 39 anos e brilhante futuro, tinha virado cadáver com uma etiqueta de identificação presa ao dedo grande do pé, uma sala de autópsias. A 1900 quilómetros, um telefone tocou levando a triste notícia a uma esposa e três filhos pequenos.


Essa morte súbita constituiu um grotesco escárnio da natureza humana, mas Ned Laroche deixa uma mensagem (talvez a mais válida herança da sua existência tragicamente interrompida) que se revelou durante a autópsia realizada pelo Dr George Leonard, patologista-chefe da Fundação Ochsner, de Nova Orleans .
Se você acredita, como a maioria dos fumantes inveterados, que os perigos do fumo são de somenos importância e que as estatísticas falam por si, então entre nesta sala de autópsias. A vista de um tronco humano aberto ao meio, e uma cratera de vísceras, é outra maneira de encarar uma estatística: na carne e a sangue frio. Pulmões negros retalhados numa tábua e um cérebro num jarro de formalina são chocantes imagens post-mortem de uma aterradora indiferença em relação a este problema de saúde incrivelmente sério.

O Dr. Leonard explica pormenorizadamente o desenrolar da autópsia a três estudantes de medicina e a um interno do hospital. Faz notar que, em relação a qualquer morte por causas indeterminadas, a lei exige a autópsia. Consultado por telefone, o médico do morto não se referiu a nenhum facto clínico significativo no histórico clínico de Laroche, a não ser uma tosse brônquica crónica. O homem, no entanto, era um fumante inveterado: dois maços de cigarros por dia, havia dez anos ou mais.

Um estudante pergunta: «O fumo poderia ter provocado a morte deste homem?»

«É admissível», respondeu o Dr. Leonard. «Há três circunstâncias em que o fumo pode ser causador da morte súbita. Em primeiro lugar, temos que reconhecer que a nicotina é uma droga muito perigosa. Provoca uma descarga muito violenta de adrenalina, o hormônio estimulado por excitação repentina ou medo. As batidas do coração se aceleram a pressão sanguínea se eleva à medida que certas artérias se contraem para levarem mais sangue aos órgãos e músculos solicitados a esforço extraordinário.

«Tem sido demonstrado que o impacto dessa reação provocada pela nicotina pode levar o coração enfraquecido a uma convulsão de contrações musculares incontroláveis conhecida por fibrilação ventricular. Outra possibilidade mais provável seria a de espasmo agudo das artérias coronárias e subsequente paragem cardíaca.»

O Dr. Leonard pega no coração para inspecioná-lo e diz: «Se houvesse aqui evidência de descoloração mórbida e de decomposição, isso seria prova segura de necrose do tecido muscular cardíaco por grave insuficiência de oxigénio, causada pelo bloqueio de uma artéria coronária, ou enfarte do miocárdio. O coração deste homem apresenta vestígios de lesões anteriores. Há uma cicatriz de um coágulo indicando que ele já tinha tido um ligeiro ataque cardíaco se consequência fatais.»

Coloca o coração na balança de autópsia. «Além disso apresenta-se ligeiramente dilatado, e as fibras musculares estão flácidas. O coração estaria provavelmente enfraquecido. Diante disso, temos de considerar a possibilidade de ter ocorrido súbita falha cardíaca – seria talvez um coração cansado que simplesmente parou ou um coração fraco que foi levado a uma arritmia convulsiva fatal.»

A segunda série de circunstâncias e que o vício do fumo pode causar morte súbita se relaciona com os vasos sanguíneos, especificamente as artérias do coração e as que irrigam o cérebro. O Dr. Leonard seciona uma artéria coronária e, com a ponta do bisturi, raspa o depósito viscoso, da parede arterial. «Aqui temos indícios de aterosclerose».

Explica que, na aterosclerose, as paredes arteriais se revestem de depósitos de gordura, causando uma redução do fluxo sanguíneo e diminuindo, assim, o suprimento de oxigénio aos tecidos. Se uma das artérias coronárias principais fica completamente bloqueada, a morte é, em geral abrupta. Tal bloqueio pode ser causado por um trombo ou um êmbolo.

«O trombo é um coágulo que se desenvolve no lugar onde se originou», explica o Dr. Leonard. «Tem tendência a tomar a forma do vaso. Um êmbolo pode ser um fragmento que se produziu em outro lugar, e se tenha desprendido e integrado na corrente sanguínea. Se esse obstáculo mortal, entra numa artéria principal do cérebro, pode provocar um derrame. Se bloqueia a artéria inteiramente, privando o cérebro de oxigénio, a morte pode advir em minutos

Segundo o Dr. Leonard, há provas evidentes de que a nicotina da fumaça do cigarro obriga o organismo a uma descarga de adrenalina que, por sua vez, aumenta a adesão das plaquetas sanguíneas, acelerando a coagulação do sangue ne o processo de formação de trombos. Enquanto isso, o ataque contínuo da nicotina obriga o coração de um fumante inveterado a 20 batidas a mais por minuto o que pode representar dez milhões de batidas extras por ano (adicionando mais um ano de vida «ativa» cada três anos e meio), sobrecarregando o coração e, castigando os vasos sanguíneos, já meio obstruídos
O perigo de morte súbita provocada por trombose ou embolia no coração ou no cérebro é cada vez mais grave.


«Um fumante inveterado adiciona mais um ano de vida ativa, em cada três anos e meio, ao seu coração.»

Em estudos feitos em homens que morreram antes dos 45 anos, a obliteração das artérias coronárias verifica-se comumente e, em fumantes de um maço de cigarros ou mais por dia, é de 10 a 15vezes mais do que em não-fumantes.

A terceira forma pela qual a fumaça do cigarro pode ser causa de morte súbita relaciona-se com uma condição vascular chamada aneurisma. Trata-se de um adelgaçamento, dilatação e deformação de trechos enfraquecidos pela parede arterial, que podem rebentar sobre pressão como uma câmara-de-ar.

«Existem dois pontos primordiais de hemorragia aneurismal de consequências fatais», diz o Dr. Leonard. «Um é a aorta, a principal artéria; do coração; outro é uma região do cérebro ainda mal conhecida, que chamamos de círculo de Willis, um pequeno conjunto de artérias na base do cérebro, do qual irradiam os vasos sanguíneos cerebrais

O Dr. Leonard coloca o cérebro numa mesa de drenagem e aponta com o bisturi. «Este círculo de Willis, de 50 milímetros, é uma espécie de centro de receção de sangue para todo o cérebro. É difícil diagnosticar um aneurisma aqui, e uma hemorragia quase sempre significa a morte certa. Elevada pressão sanguínea é o perigo mais grave, mas qualquer esforço do coração e até um ataque violento de tosse podem causar uma rutura fatal. No entanto, ela raramente é identificada como sendo causa da morte, porque geralmente, nunca se faz uma autópsia completa do cérebro.»

Agora, o Dr. Leonard disseca a artéria carótida esquerda na sua junção com a base do cérebro e aí conclui sua desoladora pesquisa de causa e efeito da morte de Ned Laroche. Diz aos estudantes que se aproximem e estes vêem um coágulo bloqueando a artéria.
                                                           
«Este homem morreu de um ataque violento» diz o Dr. Leonard.»O suplemento de sangue ao cérebro foi completamente cortado. Este coágulo tem nítidas caraterísticas de um êmbolo muito recente, duro, granular e destacado da parte arterial. Provavelmente, separou-se daquele que antes encontrámos no coração.»

Uma pergunta continua sem resposta. A rutura considerável de alvéolos, provocada por enfisema observada nos pulmões que estavam na mesa cirúrgica do Dr. Leonard, demonstra os danos que a fumaça inalada havia causado. Poderia então, o fumar ser a causa real da morte?--Queria saber um estudante.

O Dr. Leonard retira a seção oclusa da artéria cerebral, coloca-a num recipiente coberto e responde: «Como em qualquer morte em que se sobrepõem fatores complexos (homicídio, acidente, determinadas infeções), a identificação da causa mortis acaba por ser discricionária, baseada na avaliação de provas. Neste caso, sim, o cigarro pode ser considerado um significativo fator contribuinte. A aterosclerose generalizada, a rutura de alvéolos e os capilares destruídos nos pulmões, aliados aos conhecidos efeitos da nicotina no coração, nas artérias e no mecanismo de coagulação do sangue, são provas bastante convincentes

O Dr. Leonard descalça as luvas cirúrgicas ensanguentadas e as atira na lata de lixo com a determinação de um homem que chego ao fim de uma árdua jornada. Na mesa, em pedaços, jaz o patético remanescente de uma vida humana prematuramente interrompida.

Os estudantes se retiram desolados e apreensivos. À porta um deles se voltou para trás e disse:
 «Todos os fumantes deviam assistir a uma autópsia como esta.»

Conclusões

Finalmente sei que muito se tem feito neste campo a nível nacional e mundial, havendo países, por exemplo, como a Austrália, onde o fumar em espaços públicos e estabelecimentos é totalmente proibido. A proibição vai ao ponto dos fumantes terem de respeitar um perímetro existente, junto às portas de cada estabelecimento ou edifício que terão de respeitar pois, para os não cumpridores, as multas são bem pesadas.
Por cá! Continua -se a ver cada vez mais senhoras e jovens a fumar! Até Quando ?

Que este documento sirva para alertar as consequências advenientes de tal prática pelo mal, ainda maior, que estão, também, a fazer aos outros não-fumantes que têm de inspirar esse mesmo fumo, sem qualquer filtro que, como sabem, os filtros só existem nos cigarros do fumante.

Caros Leitores: Espero que  gostem do texto, o cometem e o partilhem.

Publicado por:
Imagens do Álbum do Autor e do Gogle
abibliotecaviva.blogspot.pt
06-03-2014


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