ORGANIZAÇÃO DA VIDA NACIONAL
D. Afonso Henriques
1109-1185
D. Afonso Henriques ao chegar ao Tejo com as suas fronteiras,
é confrontado com o problema da falta de população.
Entre o Douro e o Minho, a questão não se colocava por que
estas terras estavam há muito tempo livres dos mouros mas, do Douro para baixo,
a situação era muito grave. Além da falta de população faltavam também
técnicos. O Rei entrega esta questão à ordem de Cister, sendo o próprio a
colocar a primeira pedra do Mosteiro de Alcobaça, em 1178.
Mosteiro de Alcobaça
Com a edificação deste mosteiro tomaram os Cistercienses um
papel importante na vida portuguesa.
Os fundadores de Alcobaça foram monges Cistercienses vindos
expressamente te de Claraval sob a direção de D. Ranulfo que se hospedou em
Santa Cruz de Coimbra que, nessa altura, já era uma fundação de Cister.
Os Cónegos Regrantes ficavam em Coimbra com funções
intelectuais e os monges cistercienses ficaram com a atividade agrícola.
O Rei entrega-lhes, junto ao Mosteiro de Alcobaça, um vasto
território com a única condição de o arrotearem segundo os processos que usavam
nas suas abadias.
Terras que não viam o arado desde o tempo dos romanos
tornaram-se lindos trigais graças à obra destes monges.
Dentro do território que lhes foi doado chegaram a existir
treze vilas. Os monges não se limitavam a trabalhar as terras, visto que
promoviam, também, a construção de vilas e aldeias.
Além de agricultores os monges de Cister foram também
artistas na arte de trabalhar a pedra o, forjar o ferro, caiar paredes e
dedicando-se ainda à construção de pontes.
Ao lado dos monges de Cister surgem os Templários aos quais o
Rei entregou o domínio e o destino das terras fronteiriças. Também recorreu o
Rei aos Cruzados que ajudaram a tomar Lisboa, ver «Conquista de Lisboa» e «Conquista
de Santarém» no meu Blogue para, entre eles, recrutarem colonizadores
dispostos a tornar produtivas as terras conquistadas aos infiéis.
Nesta altura,
a população portuguesa do Reino era constituída por cristãos descendentes de
Pelágio, que após uma longa vida sob o domínio árabe constituíram a nobreza e
moçárabes cristãos, árabes que degeneraram em contacto com os cristãos.
Mouros, povos do norte de África, que viviam em mourarias,
chefiados pelo Grão Rabino, nomeado pelo Rei, judeus que viviam em judiarias,
viviam perfeitamente integrados, e colonos, indivíduos vindos da Europa,
principalmente da França, cuja estadia em Portugal era estimada.
No entanto a classe a classe que predominava era a dos moçárabes.
No entanto a classe a classe que predominava era a dos moçárabes.
Esta população dividia-se
política e socialmente em duas grandes classes: a dos homens livres e a dos
servos, a primeira estava dividida em clero nobreza e povo, o clero
compreendia, bispos, cónegos, párocos, sacerdotes seculares e regulares.
O povo compreendia cavaleiros-vilões e peões. Os primeiros
eram proprietários que não eram nobres, mas não pagavam impostos e só eram
obrigados ao serviço militar a cavalo.
Os peões entre os quais se encontravam os
servos estavam sujeitos à aciduva,
que consistia em trabalharem gratuitamente na construção de castelos e outros
edifícios.
Estavam divididos em jugadeiros,
reguenguenses, s.joaneiros e cabaneiros.
- Jugadeiros eram antigos servos da
gleba emancipados que pagavam um tributo fixo pela terra que possuíam.
- Os
reguenguenses estavam também adstritos à propriedade, mas podiam ser deles
expulsos.
- Os s.jonaeiros arrendavam terras pagando um tributo pelo S.João.
- Os cabaneiros não possuíam terras.
As terras
pertenciam à coroa. Se o Rei conquistava a terra, dela dava parte aos que o
acompanhavam.
Se o conquistador fosse um senhor deixava ao rei, geralmente, um
quinto da presa.
Dividiam-se as terras em alodiais, enfeudadas, censísticas,
enfitêuticas e de servidão ou de colonato.
- Alodiais eram aquelas terras em que a
propriedade era plena e absoluta
- Enfeudadas eram as que o senhor concedia ao
feudatário, em domínio útil, reservando para si o domínio directo com
privilégio de jurisdição e de outros direitos majestáticos.
- Censisticas eram
aquelas em que o censista só tinha o domínio útil enquanto vivo, podendo deixar
a terra quando entendesse.
- Enfiteuse era a concessão do domínio útil mediante
pensão anual.
- Finalmente de servidão ou colonato eram as terras em que os
servos nada tinham de si mas estavam adstritos à terra hereditariamente. ( Vida Dura ! Risos).
Por toda a parte se encontravam coutos,
honras e Beatrias.
- Coutos eram as terras pertencentes aos mosteiros, concelhos,
dioceses e igrejas.
- Honras eram as terras dos nobres que, como os outros, eram
hereditários.
- Beatrias eram terras que tinham o privilégio de eleger livremente
um senhor e que o podiam substituir sem qualquer impedimento.
Nalguns pontos do país, geralmente nas
regiões mais inóspitas, o rei formou coutos
de homiziados lugares onde a justiça permitia que criminosos se refugiassem
mediante o trabalho das terras.
Vimos a maneira como a terra estava
dividida, vejamos a seguir como viviam as várias classes de indivíduos que
constituíam a Nacionalidade Portuguesa.
Noutro capítulo, se
o número de visualizações, tal como o atingido anteriormente, sobre a «Organização do Território.», será publicado.
Espero que gostem e comentem o interesse
destas matérias que sempre me deliciaram e que ,portanto, ficariam , para sempre dentro, das gavetas e sebentas, perdidas.
Nota:
Transcrição da Síntese dos Resumos das Aulas de História feitos, pela Aluna do
5º Ano, Emília Martins Nunes da
Secção de Queluz, do Liceu Nacional de Passos Manuel 1971-1972 – feita por mim ,em Fevereiro de 2009 .
Publicado por:
Imagens do Álbum do Autor e do
Google
abibliotecaviva.blogspot.pt
29-03-2014
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