A CONQUISTA DE LISBOA
D.Afonso Henriques
1109-1185
Três meses mais tarde, da tomada de
Santarém, 16 de Junho de 1147, eis que entram na barra do Douro cerca de
duzentos navios transportando cerca de treze mil cruzados.
Devido â ausência do Rei o Bispo do Porto D.
Pedro de Pitões recebeu-os com um grande discurso para lhes dar mais ânimo para
a conquista de Lisboa, Então, os cruzados, para terem a certeza que os planos
se haviam de cumprir até ao fim, exigiram que o Bispo de Braga D. João
Peculiar, os prelados de Lamego, Porto e Viseu fossem com eles nos barcos.
Assim, pouco tempo mais tarde, eles estavam rumo ao Tejo onde entraram a 28 de Julho de 1147 na véspera de S. Pedro.
Mal
chegaram, D. João Peculiar foi falar com D. Afonso Henriques que já os esperava
com o seu pequeno exército. Então D. Afonso Henriques veio falar com os
cruzados para combinarem as tácticas a utilizar na luta que se ia travar, o que
foi muito difícil, dada a diversidade de opiniões existentes.
Depois de muito
diálogo, D. Afonso Henriques conseguiu chegar a um
acordo com os Chefes da Cruzada, tendo sido acordado:
Tudo o que pertencesse aos mouros de Lisboa ficaria para os cruzados;
os inimigos que se resgatassem eram para o nosso rei; o dinheiro do resgate
seria para os cruzados; a cidade depois de saqueada e roubada seria para
D.Afonso Henriques e as propriedades seriam distribuídas convenientemente pelos
cruzados que quisessem ficar em Portugal.
Depois de terem jurado todas estas condições, todos concordaram que se
devia mandar prevenir os mouros que lhes davam a capitulação e assumiam para
com eles, apenas, a garantia de vida.
Esta missão foi dada a
D. João Peculiar, Arcebispo de Braga,
que tinha muita prática em discursos, disse, sem rodeios, que era melhor
entregarem a cidade aos cristãos porque se poupariam muitas vidas.
Então o alcaide recusou-se e disse-lhe que para os nazarenos não havia terra que chegasse, mas naquela cidade nunca ninguém lá entraria e lembrou-lhe que um dia já tinham tentado, mas nada tinham conseguido. D. João Peculiar. Ficando irritado com a arrogância dos árabes respondeu-lhes :
« As nossas tentativas falharam sempre, mas esta vamos ver se falha ou não».
e voltou-lhes as costas sem se despedir, dando ordem para que imediatamente a cidade de Lisboa fosse cercada. Sabia-se que Lisboa era se não a melhor, era uma das melhores cidades da península. Nela se cruzavam negociantes de todas as partes, principalmente de Espanha e de África e nela se vivia num luxo extraordinário.
Havia sedas e perfumes asiáticos, lindas e caríssimas jóias, não havia uma religião certa, cada um fazia o que muito bem lhe apetecia, assim, entravam e saíam homens que procuravam apenas dinheiro. Aqui encontravam tudo não sendo obrigados a fazer o que os superiores muito bem entendiam.
Lisboa, agora, estava cercada, mas os mouros tiveram muito tempo para se preparar, logo que viram Santarém nas mãos dos nazarenos, começaram a armar-se e a armazenar grande quantidade de mantimentos porque a maior parte dos mouros massacrados em Santarém e que tinham conseguido fugir refugiaram-se em Lisboa, aqui queriam lutar para se vingarem do massacre feito à cidade antes conquistada.
Porém, eles tinham armas e também o apoio de todos os castelos do Alentejo. Conseguiram manter-se por dezasseis semanas mas, quando já não tinham forças para segurar as armas e ouviram o alcaide de Évora a aconselhá-los para se renderem como ele já tinha feito, resolveram, para evitar um grande massacre, fazer o mesmo.
A 24 de Outubro de 1147, uma sexta-feira, as tropas cristãs entraram definitivamente em Lisboa. Um grupo de anglo-normandos abria caminho, seguindo-se el-rei e o Arcebispo de Braga que erguia uma cruz, rodeado pelos bispos e por uma grande multidão, tendo ficado célebre o episódio de Martim Moniz que se deixou esmagar para que os mouros não fechassem uma das portas da cidade, visto que queriam impedir a entrada dos portugueses.
CASTELO DE LISBOA
Toda essa multidão se dirigiu para a alcáçova que era a torre mais alta do castelo e assim Lisboa caiu nas mãos dos cristãos. Depois, entre cânticos de aclamação, o Bispo de Braga e os restantes clérigos cantaram o Te Deum No fim das cerimónias, D. Afonso Henriques andou por todos os corredores e muros desta torre olhando a soberania daquele castelo. Pela tarde fora os soldados saquearam a cidade, que ficou vazia e expropriada de qualquer valor material, tendo ficado todas as famílias na maior miséria possível. Apesar dos esforços de El-Rei, os soldados não acalmaram e continuavam a pilhagem.
Crê-se que a maior parte da população era moçárabe por isso, eles abraçavam-se aos cruzados, beijando as cruzes e rezando invocando a Nossa Senhora. Mas de nada serviram os seus apelos pois foram passados a espada por viverem com os mouros e se entenderem com eles sem a menor atenção para com os cristãos.
Com efeito, esta conquista vai apavorar todo o distrito e, toda a península, fica a meditar. As regiões que ladeavam as margens do Tejo, a saber: Almada e Palmela, bem como Sintra entregam-se sem a menor gota de sangue derramado.
CASTELO DE ALMADA
CASTELO DE PALMELA
CASTELO DE SINTRA
Na posse de Palmela, D. Afonso Henriques tinha a porta aberta para entrar no Alentejo. como veio depois a acontecer, mas isso, há-de ser outra história.
Nota: Pesquisa e Transcrição da Síntese dos Resumos das Aulas de História feitos, pela Aluna do
5º Ano, Emília Martins Nunes da
Secção de Queluz, do Liceu Nacional de Passos Manuel 1971-1972 – feita por mim ,em Fevereiro de 2009 .
Publicado por:
Imagens do Álbum do Autor e do Google
abibliotecaviva.blogspot.pt
Março de 2011
Sem comentários:
Enviar um comentário