quinta-feira, 3 de abril de 2014

LUSOFONIA - ORIGEM DE PORTUGAL.

PÃO DO CORPO E PÃO DO ESPÍRITO

D. Afonso Henriques
«N. 25-07.1109 - M. 06-12-1185»

      Não se sabe ao certo com quantos homens D. Afonso Henriques conquistou Portugal, nem quantos ficaram independentes quando ele morreu. Muito se tem procurado com o auxílio dos melhores investigadores, mas quanto a resultados, ainda nada se conseguiu.

     Pensa-se que no reinado de D. Dinis existissem novecentos mil habitantes, subindo este número para um milhão quando governou o Mestre de Avis e para um milhão e quinhentos mil no fim do século XV, apesar de se dizer que as conquistas e os descobrimentos foram feitas com um milhão de almas. Pelos cálculos feitos em relação a D. Afonso Henriques havia apenas quinhentos mil portugueses.

    No reinado de D.José, « N. 06-06-1714 – M. 24-02-1777» éramos , três milhões de habitantes dos quais dez por cento estavam ligados ao Clero*« telha de igreja sempre goteja», como diz o povo. «* Fonte Keneth Maxwell, na sua obra sobre o Marquês de Pombal, da Editorial Presença.

Mas como se iria alimentar o corpo e o espírito de todas estas pessoas?

   Como tinha-mos terras era preciso trabalhá-las assim todos viviam com a terra . A terra era um bocado da sua vida.  
Arar as terras com arado

     Mas tanto pegavam no arado como na espada para defenderem as suas terras. O nosso país tornou-se essencialmente agrícola. Aconteceu pouco tempo depois que se deu uma revolução que os levou a ligar importância ao comércio e à indústria. Até aqui todo o cuidado era dado à agricultura, os lavradores trabalhavam de sol a sol exclusivamente na sua terra, porque todos os ofícios e artes tinham sido esquecidos, menos o fabrico de armas, os curtumes e a tecelagem do linho que era muito perfeita, principalmente no Minho, na Flandres e na França. Da Inglaterra vinham os caros tecidos de lã que vestiam os grandes senhores.


Burel

      O povo vestia-se com o burel nacional que fazia com que todos os tecidos estrangeiros fossem guardados para oferecer ao Rei, como joias de ouro, chegando mesmo o rei a fazer uma herança com grande percentagem de tecidos estrangeiros. Além de todos estes tecidos, vinham ainda do estrangeiro cintos, cordões e vários objetos de adorno.

     Por todos estes factos vê-se que Portugal era um país de lavradores. El-Rei era o primeiro lavrador visto que era o que tinha mais terras, mais rendas e mais caseiros e a terra, sendo rica, ainda não estava cansada o que fazia com que desse ricas colheitas aos Portugueses. Comia-se graças à fertilidade das terras e ao trabalho dos lavradores.

    As grandes riquezas não existiam, mas todos tinham a sua casa e o seu bocado de pão para comer.

    Acontece que, muitas vezes, quando caía uma cidade árabe, em nosso poder, os fundadores de Portugal enchiam os seus palácios de preciosidades e de outras coisas valiosas deixadas pelos árabes que constituíam a sua fortuna.


Batalha de Ourique  - 25-07-1139

     As batalhas contra os árabes tinham tanta importância que contribuíam para o equilíbrio ou desequilíbrio financeiro de Portugal. Depois de acabada esta fonte de dinheiro, porque os árabes se tinham afastado para lá do Guadiana, os nossos reis tiveram que recorrer à quebra do valor da moeda e a pedir empréstimos aos monarcas vizinhos, para poderem equilibrar o orçamento do nosso Reino.

     Através de vários documentos recolhidos do velho Portugal podemos saber o que comiam e bebiam, e de que tamanhos eram as heranças, etc.

    O cereal, conhecido em Portugal, com mais idade é o milho milhete ou painço, que foi semeado até aos princípio do século XV, bem como a   espulva  que desapareceu por completo.


Campo de Cereais

   Também havia em grandes quantidades o centeio, a cevada, a aveia, e o trigo no sul do país, pelo menos, desde o tempo dos romanos. O milho grande ou de maçaroca apareceu com os descobridores da América. Este, bem depressa substituiu o painço, espalhando-se por todo o país, indo o painço diminuindo, gradualmente. de produção.

   O pão que cá se comia era pobre, feito de painço, porque o milho só começou, mais tarde, a aparecer nos campos. Havia ainda favas, feijões, e muitas espécies de hortaliças e legumes.
   Entre o Minho e o Douro os pomares eram quase sempre formados por castanheiros, macieiras, pereiras, nogueiras, cerejeiras, ameixoeiras, marmeleiros e pessegueiros. 

  Ao sul, os árabes, além destas árvores que já conheciam, deram-nos, ainda a conhecer: o limoeiro, a laranjeira, a alfarrobeira, a oliveira e as amendoeiras, estas cheias de milhares de flores branquinhas na Primavera.


Amendoeiras em Flor

   À volta das árvores, zumbiam as abelhas que davam, depois, grandes quantidades de mel, o qual era consumido, depois, em favos, sobre uma grossa fatia de pão de centeio. Além das abelhas, inteligentes e trabalhadoras, existia também  a cana-de-açúcar e os bichinhos da seda inseparáveis dos fundadores de Portugal, que alimentados pelas folhas    tenras da amoreira, iam dar a     matéria-prima aos nossos, teares,  onde se fabricavam tecidos de seda pura.

   Nos campos havia muitas pastagens e os animais, a saber: gado bovino, caprino, ovino e suíno serviam para a alimentação diária da população. Os cavalos estavam mais dedicados ao serviço dos senhores nas lutas contra os mouros.

   Capoeiras existiam em todas as casas e não é de esquecer as gordas galinhas, frangos, capão, e ainda, a caça que existia com abundância.


Animais Selvagens

Nesse tempo, existiam em Portugal muitos animais selvagens, a saber: javalis, lobos, gatos  monteses, ursos, zeuros, , veados, corças, patos, gansos, lebres, coelhos,  e, até  a fuinha e a lontra. O Zeuro , um dos animais desaparecidos , extinguiu-se tão rapidamente  que não se sabe se ele era bovino ou equídeo. Já no tempo dos nossos primeiros Reis havia   boas cozinheiras e casas de comidas e dormidas que se chamavam pardieiros que eram feitos e madeiras muito rudes.
   
    O que davam para comer aos mordomos reais quando estavam em serviço era: Duas carnes, pão e vinho, ou pão vinho e leite fervido, verças da horta e dois frangos, ou ainda pão de centeio, vinho, leite fervido e uma travessa de filhós, mas com carne fresca de porco, ou então queijo, manteiga e ovos cozidos.

    O pão era de centeio, milho e de trigo, simples ou misturado, as hortaliças e legumes, o vinho, a carne, principalmente de porco, galinhas e frangos, manteiga, leite e os seus derivados e as castanhas, tudo isto constituía a alimentação do Português da época.

     Os servos mais pobres e humildes alimentavam-se de pão, cebolas, favas, alhos, couves, rábanos, ovos, leite, queijo, manteiga e as castanhas que faziam de batatas naquele tempo.

     A alimentação do nobre e de um homem do povo não era muito diferente, visto que era normal os nobres irem abancar-se nas casas dos plebeus e, quando iam para a guerra, deixavam os seus filhos aos cuidados destas famílias. Até mesmo o rei quando andava a visitar as suas terras, comia em casa dos lavradores, com a maior naturalidade possível sendo os próprios lavradores a cozinhar, comendo inclusive com a mesma baixela e dormia sobre rudes mantas que os lavradores lhe davam para passar a noite. E não era para admirar que um bom jantar consistisse num gordo capão assado, comido com fresca regueifa e regado com vinho verde. Assim se deve a grande camaradagem que havia entre reis fidalgos e povo.

    As grandes riquezas desse tempo consistiam em propriedades territoriais porque os primeiros reis do nosso país eram como simples lavradores que legavam nas suas heranças; vacas, bois, cavalos, ovelhas, porcos, como se deixassem grandes riquezas em ouro ou outras preciosidades.


Gado a Pastar no Campo

    O luxo não existia em Portugal, mas depois de este estar bem organizado e vivendo em paz, o luxo começou a surgir nos castelos e palácios, apareceram as  joias,  objetos de ouro, as sedas preciosas, bordados lindíssimos , ricas baixelas  e louças em prata , os móveis começam a ser estilizados, tudo isto  foi consequência das centenas de batalhas que se deram contra os mouros  que iam não só perdendo as suas terras, mas também  os seus haveres.

   O luxo foi aumentando até que no reinado de D Dinis este decretava que nenhum fidalgo perderia as suas honras se se tornasse agricultor.
Dinis  – Rei Lavrador
«N. 09-10-1261 – M. 07-01-1325»

    No tempo de D. Afonso Henriques ninguém, nem mesmo o Rei, sonhava com o que era o luxo. 

Nota: Pesquisa e transcrição da Síntese dos Resumos das Aulas de História feitos, pela Aluna do 5º ano, hoje 9º,ano, Emília Martins Nunes, da Secção de Queluz, do Liceu Nacional de Passos Manuel (1971 1972) – feita, por mim, em Fevereiro de 2009.

Espero que gostem da história, no tempo do nosso primeiro Rei. D. Afonso Henriques, também conhecido pelos árabes como Ibn Harrik ou El- BortuKali.

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abibliotecaviva.blogspot.pt
02-04-2014



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