REPOSIÇÃO
DA HONRA E DA VERDADE!
Busto de
Jacques Chabannes II
INTRODUÇÃO
Quando em 11-01-p.p., publiquei no meu blogue um texto sobre
Epitáfios, referi, em relação aos dois últimos versos, num comentário com algum humor que, brevemente, iria falar desse grande,
Marechal de França, de seu nome, Jacques II de Chabannes- nascido em Lapalice ou Lapalaisse, em 1470 e
que morreu em combate ao serviço do Rei da França Francisco I, na batalha de
Pavia em 24 -02 -1525, travada contra o
Imperador da Alemanha Carlos V e Rei de Espanha, em Pavia, Itália.
Túmulo de Jacques II de
Chabannes em Avignon
Quando da sua morte os
seus soldados compuseram-lhe uma
canção que rezava assim :
MONSIEUR DE LAPALISSE ÉST MORT,
MORT DEVANT PAVIE,
UN QUART D´HEURE AVANT SA MORT,
IL FAISAIT ENCORE ENVIE.
Traduzindo: Monsieur
de Lapalisse está morto, morto diante de Pavia, um quarto de hora antes
da sua morte, ele ainda fazia inveja. Acontece
que alguém ao alterar na
composição do último verso, Faisait por Serait
e ao separar a palavra Envie em En e Vie veio alterar totalmente o sentido dado pelos autores à canção inicial que
passou para « Il serait encore en vie»
logo deixou de fazer inveja , mas passou a Estar
Vivo, um quarto de hora antes da sua morte.
E assim nasceu e se universalizou o conceito Lpalissada» na
definição duma coisa que, sendo tão evidente, não merece qualquer objeção.
À entrada da Vila de Lapalisse, existe, segundo um texto que
Vasco Calixto publicou em tempos no CM, um placard onde se pode ler « Bienvenu
au País de Véritées» e o nosso Herói natural, conforme disse, daquela vila, na qual ,os descendentes da sua família, têm um palácio há mais de 500
anos, os naturais acharam graça e até hoje o
conceito, como chacota generalizou-se.
A situação, ao universalizar-se, fez com que Lapalisse seja, considerada hoje,
mais um centro de atração turística dos muitos existentes em França , mesmo
assim , mais tarde, ainda tentaram pelos serviços que prestou,
anteriormente, a mais dois reis de França, Carlos
VIII e Luis XII, no Palácio de
Versalhes, que fosse foi erguido, em sua memória, um busto com a sua farda da patente de
marechal que lhe foi dada por Francisco I
em 07-01-1515, numa tentativa de
limparem a sua imagem, da sacanice que lhe fizeram, após a sua morte.
Por pensar que é uma injustiça que têm feito ao longo destes séculos
ao nosso Herói pensei ocupar algum tempo livre em pesquisar na minha Biblioteca Viva algo que, em
consciência, pudesse vir a esclarecer este assunto, e lembrei-me, de nos meus tempos
do Liceu, ter ouvido o meu professor de português falar de filósofos gregos,
como Homero (século IX a.C. ), Platão
( 428-347 a.C. ) e sobretudo, em Marco Aurélio, ( 121 - 180 d.C.) , genial imperador
e filósofo Romano, que só foi criticado, por à semelhança dos seus
antecessores, ter também perseguido os
cristãos.
Então, depois, venho a
encontrar na minha Biblioteca Física a sua obra, livro único, com o título «Pensamentos» que escreveu para ele
próprio, na coleção RTP, nº 36, impresso em 1971, com introdução prefácio de João Maia.
Marco Aurélio, foi nomeado césar em 139, cônsul em 140 e
Imperador Romano a partir de 161.
O livro tem 157 páginas e é a compilação de 12 canhenhos, por assuntos por ele refletidos que, a cada um,
decidiu chamar um Livro, onde os seus pensamentos estão numerados a partir de 1
e só foi publicado, primeira vez, em Zurique em 1559.
No Livro II , no pensamento nº 14, a folhas 23,
aparece esta pérola que ao analisá-la em
profundidade conclui que tinha encontrado nela
a salvação do nosso Herói, leiamo-la primeiro:
«Fosse a tua vida três mil anos e
até mesmo dez mil, lembra-te sempre que ninguém perde outra vida que
aquela que lhe tocou viver e que só se vive aquela que se perde.
Assim a mais longa e a mais curta vida se
equivalem.
O presente é igual para
todos, o que se perde é, por isso mesmo, igual, e o que se perde surge como a
perda de um segundo. Com efeito, não é o passado ou o futuro que perdemos;
Como poderia alguém
arrebatar-nos o que não temos?
Por isso toma sentido, a toda a hora, nestas
duas coisas: primeiramente, que tudo, desde toda a eternidade, apresenta aspeto
idêntico e passa pelos mesmos ciclos, e pouco importa assistir ao mesmo
espetáculo em duzentos anos ou em toda a eternidade; depois, que tanto perde o
homem que morre carregado de anos como o que conta breves dias, consistindo a
perda no momento presente;
Não se pode perder o
que se não tem.»
Ainda, no livro II,
folha nº 19, no pensamento nº 4 existe este excerto «Se não aproveitas este momento
para ganhares serenidade, o momento passará
tu irás com ele e não terás outra oportunidade ».
Lembro que o autor escreveu os pensamentos no livro para ele mesmo, se não aproveitas Marco
Aurélio esta oportunidade……
E eu, também aproveitei, esta oportunidade para dar
seguimento ao que havia prometido no início da introdução deste trabalho, pelo
que:
Detalhando:
Após a análise dos textos citados considero que na hipérbole « fosse a tua vida três mil
anos…. » há um exagero na ênfase
que o autor quer dar ao restante conteúdo que compreendo, só que
não precisava de apresentar uma desproporção tanto grande entre quaisquer um
dos numeradores a utilizar e os 120 anos que o Dr. Almerindo Lessa, disse, ver
no meu blogue , que « Fomos programados para
viver 120 anos». (Risos)
Depois, aparecem mais
evidências que catapultam o autor para
um lugar cimeiro , nesta matéria , senão vejamos : «Só se vive aquela que se perde». «Tanto perde
o homem que morre carregado de anos como o que conta breves dias, consistindo a
perda no momento presente» e «Não se pode perder o que se não tem».
Assim queria deixar aqui expressa a minha admiração pelo
sigilo que foi mantido, desta admirável obra, durante quase quatorze séculos (180-1559) e um lamento,
profundamente sentido, pelo facto do nosso Herói não a ter conhecido, para se poder ter
defendido da sacanice que lhe fizeram. (Risos).
Sem me alongar, em função do exposto, penso ter encontrado,
finalmente, algo mais do que suficiente, para dar a promoção a quem a merece,
pelo que proponho: Que, a partir da data desta publicação, a expressão Lapalissada seja
substituída, com toda a justiça, por Aurélissada e que
o nosso herói continue em paz no seu túmulo em Avignon. (Risos).
Publicado por:
Imagens
tiradas do Álbum do Autor e do Google.
abibliotecaviva.blogspot.pt
26-02-2014
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