terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

ENSINO À DISTÂNCIA - TEMPOS IDOS - 1960

 😎   Naqueles tempos era  assim... por correspondência mas parte pago pelo RI 15 onde fiz o Serviço Militar em 1958.

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Ensino Primário Elementar 

Diploma com distinção, mas continuação  dos estudos pararam até ao serviço militar e período seguinte.




2º Ciclo dos Liceus 1964 - Liceu Pedro Nunes - Pós Laboral -14 Valores






 









Fazer texto, logo que... e arrumar  imagens.

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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

PARA MEDITAÇÃO E REFLEXÃO



Para meditação e Reflexão.

Numa das minhas idas recentes a um hipermercado, na secção de vinhos do mesmo, ao ler o rótulo de uma garrafa exposta que acabei por adquirir verifico o texto inserto a seguir:
*Rovisco Pais
Grande lavrador alentejano e industrial de cerveja, nasceu na Casa Branca a 16 de Outubro de 1862, José Rovisco Pais destacou-se na vida nacional pela sua imensa generosidade a favor de instituições de proteção de saúde. Avesso a publicidade ou a honrarias, as suas múltiplas benemerências foram praticadas em segredo e só depois da morte se conheceu o seu autor». Elas foram porém tais e de tão grande vulto que permitiram concluir as obras da Maternidade Alfredo da Costa, da Santa Casa da Misericórdia de Setúbal e a criação da Leprosaria Rovisco Pais, na Tocha, hoje Centro de Medicina de Reabilitação. Em testamento doou aos Hospitais Civis de Lisboa, do Estado Português, as suas herdades de Pegões, um latifúndio de 7.000 hectares. Nestes terrenos foi implantado nos anos 50 o maior projeto d colonização interna realizado em Portugal, que permitiu a fixação de 205 famílias em casais agrícolas levando a plantação de 830 hectares de vinha. Em 1958 constitui-se a Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões, destinada a laborar na sua adega a produção dos novos vinhedos».

 Confesso que fiquei com interesse em saber mais sobre este Homem - onde foi sepultado, data da sua morte etc, pelo que consultei, como faço habitualmente nestes casos, a minha enciclopédia e a do Google sem obter quaisquer elementos que me pudessem ajudar a atingir este meu desiderato, salvo que Casa Branca pertence à freguesia do Escoural, concelho de Montemor-o-Novo, no distrito de Évora.
Ora até aqui tudo bem, melhor, tudo mal, porque embora este Homem tivesse sido, em vida, «avesso a publicidade ou a honrarias» pelo descrito anteriormente, não tinha também no seu ADN o complexo de notoriedade como tinha Heróstrato que incendiou o templo de Artemis, em Éfeso, hoje Turquia, para ter, mais tarde, o nome nos jornais e livros de leitura da primeira classe.
 A minha pesquisa levou-me a consultar as 33 imagens da Torre de Belém, recentemente publicadas na imprensa, mas o nome do nosso Homem também lá não consta (risos). Alguém me pode ajudar?

Li, recentemente na imprensa, que a Assembleia da República pretende criar o título de Honorário a cerca de 150 ex-Deputados, ainda vivos, pelos serviços prestados na AR, pelo que pergunto: Este Homem não deveria ser homenageado por aquilo que deixou à Nação?

Espero, caros leitores, que meditem e comentem.

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                                                                        18-02-21016


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

A DESCOBERTA DO BRASIL

A DESCOBERTA DO BRASIL


De Jean Paul Sartre “ A história fala do que existiu – nunca um existente pode justificar a existência de outro existente “ na sua obra A Náusea de edições Europa-América, página nº 221. 

   Uma “ existente”  a quem devo muito, ensinou-me que a descoberta oficial do Brasil foi feita no ano de 1500, por Pedro Alvares Cabral, com a partida de Belém, a uma segunda-feira do dia 09-de Março, e chegada a Terras de Vera Cruz a 22 de Abril, quarta-feira, do mesmo ano de 1500.

   De a Carta de Pêro Vaz de Caminha para o Rei D. Manuel I» (Quarta-Feira, 22 de Abril) E á quarta-feira seguinte, pela manhã, topámos aves, a que chamam fura-buchos. E neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra e d´um grande monte, mui alto e redondo, e d´outras serras mais baixas a sul dele e de terra chã com grandes arvoredos, ao qual o capitão pôs nome de Monte Pascoal e à terra a Terra de Vera Cruz.»

   No entanto, dizia-se que Duarte Pacheco Pereira já lá teria estado, anos antes, e que tal facto foi mantido em segredo em relação ao Reino de Espanha, Reis Católicos, Fernando de Castela e Isabel de Aragão, que também disputavam aquelas terras, cuja posse foi definida pelo Tratado das Tordesilhas, assinado em 07 de Junho de 1494.

  
   Isto vem a propósito de na obra Tristes Tropiques de Claude Lévi-Strauss, de L´ Académie Française,  Edição Terre Humaine Poche, Livro 3009, onde a páginas 88  e 89 se pode ler:

« La position privilégiée de La France  sur la côte brésilienne à cete époque  pose de curieux problèmes. Elle  remonte certainement jusqu´au débout du siècle où  de nombreux voyages français sont signalés – notamment cellui de Gonneville em 1503, qui ramena  du Brésil un gendre indien- presque  en même temps que la découverte  que la Terre de Sainte-Croix par Cabral em 1500. Faut-il remonter plus haut?  Doit-on conclure de l´attribuition  immédiate à cette nouvelle terre, par les français, du nom de Brésil  ( attesté  depuis  le XIIe siécle , au moins, comme  l´appellation -  au secret jalousemment gardé- du  continent mythique d´où provenaient  les bois de  teinture), et  du grand nombre de termes empruntés   directement par le français  aux dialectes indigènes  sans passer  par intermédiaire des langues ibériques : ananas, manioc,  tamandua,  tapir, jaguar, sagouin, agouti, ara, caiman, toucan, coati, acajou, etc., qu´un fond de vérité  étave  cette  tradition dieppoise d´une découverte du Brésil par Jean Cousin  quatre ans  avant le premier voyage  de Colomb ? Cousin avait un nonmé Pinzon  à son bord, se sont  des Pinzon  qui redonnent courage  à  Colomb lorsqu´à Palos  il semble  tout prêt  d´abandonner  son projet,  c´est un  Pinzon  encore  qui commende  la Pinta au cours du premier voyage  et avec qui Colomb tient à conférer chaque fois  qu´il envisage un changement  de route; enfim, c´est  en renonçant  a la route qui sera , exactement un an plus tard, celle menant un autre Pinzon    jusqu´à  Cabo São-Agostino et lui assurant la première découverte   officielle du Brésil, que Colomb manque de peu un titre de gloire  supplémentaire.
A moins d´un miracle , le problème  ne sera jamais résolu  puisque les archives  dieppoises, y compris la relation de Cousin, ont disparu au XVIIe Siécle au cours de l´incendie dû  au bombardement  anglais .» ...

   Le 10 de Novembre de 1555 Villegaignon  mouille dans la baie  de Guanabara, oú  Français et Portugais  se disputaient  depuis plusieurs  années  les faveurs des indigènes. …

   Villegaignon fonde , sur une île en pleine baie , le Fort-Coligny; les Indiens  le construisent, ils raviltaillent  la petit colonie ; mais  vite dêgoûtés de donner sens recevoir, ils se sauvent , désertent leurs villages. La famine  et les maladies s´installent  au fort………………… et depuis…… le Fort-Coligny commendé par son neveu , Bois-le-Conte , tombe aux mains des Portugais  em 1560.

    Como diz o Povo « Ninguém sabe tudo, só todos é que sabemos tudo» quis partilhar  com os meus leitores este texto que espero gostem.  Aconselho a leitura do Livro do Etnólogo Lévi-Strauss citado no texto, acerca dos Índios do Brasil,  bem como deliciarem-se , se gostarem de história, com a visão do filme histórico « 1492 A Conquista do Paraíso»  interpretado pelo ator Gerard Dépardieu, disponível no Youtube.

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16-10-2014

segunda-feira, 28 de abril de 2014

POUCO ACIMA DAQUELA ALVÍSSIMA COLUNA

POUCO ACIMA DAQUELA ALVÍSSIMA COLUNA !

«Polímnia, a musa da poesia lírica (estátua romana do séc. II, mármore, Museu Pio-Clementino, Vaticano»

POESIA

POUCO ACIMA DAQUELA ALVÍSSIMA COLUNA
QUE É O SEU PESCOÇO, A BOCA É-LHE UMA TAÇA TAL
QUE, VENDO-A OU VENDO-A, SEM QUE, NA REALIDADE, A VER,
DE BEIJOS --- UNS, SUBTIS, EM DIÁFANO CRISTAL
LAPIDADOS NA OFICINA DO SEU SER;
OUTROS --- HÓSTIAS IDEAIS DOS MEUS ANSEIOS,
E TODOS CHEIOS, TODOS CHEIOS
DO MEU INFINITO AMOR…
TAÇA
QUE ENCERRA
POR
SUA SUMA GRAÇA
TUDO O QUE A TERRA
DE BOM
PRODUZ!
BOCA!
O DOM
POSSUIS DE PORES
LOUCA
A MINHA BOCA!
TAÇA
DE ASTROS E FLORES,
NA QUAL
ESVOAÇA
MEU IDEAL!
TAÇA CUJA EMBRIAGUEZ
NA VIA LÁCTEA DO SONHO AO CÉU CONDUZ!
QUE ME ENLOUQUEÇAS MAIS … E, A MAIS E MAIS ME DÊS
O TEU DELÍRIO… A TUA CHAMA … A TUA LUZ …

Fonte: Hermes Floro Bartolomeu Martins de Araújo Fontes (1888-1915). Livros RTP, Antologia da Poesia Brasileira, página nº 95.

Espero que gostem...

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28-04-2014

sábado, 19 de abril de 2014

ORIGEM DE SANTARÉM

ORIGEM DE SANTARÉM

Ulisses

 Estava  eu   pensando no 25 de Abril de 1974, quando, na altura estava a prestar serviço no BES e  estava hospedado no Hotel Abidis, em Santarém  o que  a história dizia , em relação a este nome «Abidis» e á cidade,  pelo que fui consultar   a  Wikipédia Livre , via Google  e, ao fazê-lo, lá me deparei com esta pérola:

 « Abidis é uma divindade da mitologia dos celtiberos* e o nome de um rei mitológico relacionado com a cidade portuguesa de Santarém.

Durante a sua Odisseia, Ulisses de Ítaca teria passado por terras Lusitanas, onde se apaixonou por Calipso, filha do celtibero Gorgoris, rei dos Cunetas*1 . Dessa relação teria nascido Abidis, que o avô teria mandado abandonar e, sendo colocado numa cesta, foi atirado ao rio Tejo.

A cesta subiu o rio contra a corrente e foi recolhida por uma loba ou uma cerva na praia de Santarém, que alimentou e protegeu o príncipe Abidis. Após algumas peripécias, Abidis  acabou por ser reconhecido pela mãe Calipso, que o tornou o legítimo herdeiro do trono, e escolhendo o sítio de Santarém para capital do reino, ao qual deu o nome de Esca Abidis (o manjar de Abidis), que teria derivado em linguagem corrente para Scalabis.

No tempo do domínio romano, Santarém teve o nome de Scalabicastrum, e essa origem permanece na designação dos habitantes, conhecidos por Escalabitanos.»


Santarém

Esta narrativa  vem a propósito de, na noite de 24 para  25 de Abril de 1974 quando o Capitão Salgueiro Maia  se deslocava para o Largo do Carmo  com os seus tanques e tropas, dando início à Revolução dos Cravos, de eu estar hospedado no Hotel Abidis  e , de manhã, após ter tomado o pequeno almoço, muito embora  tivesse sido apelado na rádio para as pessoas   permanecerem em casa, desloquei-me para Sintra no meu carocha, que ainda hoje está na minha na minha garagem, perdão dele,  em estado de concurso, coberto com um resguardo de plástico por causa do pó ( Risos).



Durante a deslocação ouvi na rádio que os soldados, com os cravos nas espingardas, bem como os tanques comandados pelo Capitão Salgueiro Maia, já se encontravam no Largo do Carmo, em Lisboa, tendo ficado com a impressão que todas as viaturas tinham ficado estacionadas na garagens.

As  estradas  estavam completamente  livres,  quase  não  vi  nenhuma viatura  no caminho até chegar a casa, deveriam ser dez horas da manhã e, quanto a pessoas! Não se via viva alma na rua.

O ruído do tráfego citadino e das pessoas tinha desaparecido! E, todo aquele silêncio, associado ao ambiente bucólico da viagem, rodopiava nos meus sentidos que, ainda hoje, não consigo descrever por palavras o que na altura senti. Foi emocionante. Depois, a alegria reconfortante que senti ao chegar a casa e encontrar a minha esposa e filha bem mas senti que,  naturalmente ,  estavam apreensivas.

As pessoas que, depois iam saindo à rua, via-se nelas uma alegria enorme e contagiante nos seus rostos . Depois, lembro-me, porque participámos eu e a minha família, no primeiro 1º de Maio de 1974 da multidão humana que subiu a Alameda Afonso Henriques, em direção ao Estádio 1º de Maio, em que todos se abraçavam, festejando em conjunto a «Liberdade.» Mas depois, ao aparecerem os partidos essa união foi-se desagregando e hoje, infelizmente, chegámos à situação de desânimo em que a maioria do Povo se encontra.

Primeiro 1º de Maio 1974.

Não foi com esta intenção que os Heróicos Capitães de Abril fizeram a revolução, o próprio Capitão Salgueiro Maia, numa fase da sua vida, apercebeu-se e deixou esta mensagem lapidar:

« Não se preocupem com o local onde sepultar o meu corpo, preocupem-se com aqueles que querem sepultar o que ajudei a  construir».

Cito o pensamento de Marco Aurélio, filósofo e Imperador Romano, 121-180 d.C., só publicado em Zurique, em 1559
 ,
«Depressa te esquecerás de tudo; depressa todos te esquecerão».

Em relação ao Capitão Salgueiro Maia, a primeira mensagem já aconteceu, Paz à sua ama, e a segunda, infelizmente está a acontecer. Em relação ao Povo hoje tem mais Liberdade, mas vê-se já  a fome a alastrar  e a tristeza estampada nos seus rostos, principalmente na juventude que vê sem futuro  e nos reformados e pensionistas que ajudaram a edificar este País, vêem-se, também,  agora tratados como objetos descartáveis e sem confiança no futuro para a sua velhice para a qual tanto trabalharam. Ver minhas postagens  sobre : «Sobrevivência» e Fontes de Sobrevivência, publicadas no meu Blogue.

Termino com uma parábola verdadeira  para reflexão : «Em qualquer pomar, a   fruta só provém dos ramos velhos, os ramos novos, só mais tarde, após serem  podados,  é  que adquirem a maturidade suficiente para dar o seu contributo no pomar mas, como não há regra sem «senão», lá aparecem os kiwis, originários da China e dos seus climas «frios» que só dão frutos nos ramos novos!» Pois estes frutinhos, de cor castanha amarelada, até  estão protegidos com um pêlo que, se os insetos  os procurarem, são logo repelidos, por isso, o dono do pomar não precisa de os curar,  porque vivem num mundo à   parte dentro do seu  pomar!

 Vá lá a gente perceber os homens e  a natureza !

* Nunca tinha ouvido falar de mitologia do tempo dos Celtiberos; *1 nem que tivesse existido um reino com este nome, mas, para mim, gostei de efetuar  a pesquisa que agora se publica.

Espero, caros leitores, que  também gostem e comentem.
Mais uma vez, um Bem-Haja e uma Santa Páscoa para todos.

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19-04-2014



quinta-feira, 17 de abril de 2014

UMA PAIXÃO NA NEVE

UMA PAIXÃO NA NEVE.



Manhã  gelada  e triste! Na serra    nevava,
E, o gado  dos pastores, com fome  pastava.
Ali ,   a  pastora  encontrou      o seu amado!
Corre para   ele!           Que  momento belo!
Beijam-se! Das pestanas cai-lhes o  sincelo,
 E, naquele           momento,  tão apaixonado,
  Ambos  vão procurar um  lugar  mais     abrigado,
  Do  vento  e   da    chuva  que     começava a cair.

      Silêncio   absoluto!      Do horizonte!    Nem a brisa    se fazia ouvir!
      Abraçaram-se!       Fazendo   ambos       juras  de   amor          eterno,
        Convencidos que,     por aquela paixão, nunca chegariam ao inferno.

Os animais! Sabendo o caminho,
Aos seus  currais    regressaram,
Mas, os pastores lá continuaram,
No  ninho, como   um passarinho!
Vivendo aquele momento   louco,

Que, quando hoje se recordam, ainda lhes sabe a pouco!

Espero que gostem e comentem:

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17-04-2014





quarta-feira, 16 de abril de 2014

AS FONTES DE SOBREVIVÊNCIA

AS FONTES DA SOBREVIVÊNCIA
«Toda  a Terra manava leite e mel, mas foi abandonada pelo Homem»
Feitura dos regos para colocar as sementes

A SEMENTEIRA DE UMA DAS FONTES DA SOBREVIVÊNCIA «O MILHO!»

Conforme descrito na minha publicação anterior com o título «Sobrevivência», à Terra que tudo manava, o sábio povo agradecia-Lhe, cantando-lhe as quadras seguintes que adaptei ao texto :

EU SEI QUE ESTOU DEVEDOR À TERRA!
MAS SINTO QUE ELA, ME ESTÁ DEVENDO!
ASSIM! A TERRA QUE ME PAGUE EM VIDA!
PROMETO! QUE LHE PAGAREI EM MORRENDO.
II
          EU SEI QUE VOU MORRER UM DIA!
         NUMA HORA! NÃO SEI QUANDO!
           TERRA! QUE ME HÁ-DES COMER!
          JÁ TE PODES IR PREPARANDO.

 mas, ao tirar-lhe também um pouco da sua vida, daí «Me está devendo» ao ficar pronta para receber as sementes de: milho, feijão que era consumido primeiro, em verde e, depois, quando seco, e ainda as abóboras utilizadas na alimentação humana e dos animais, está sempre pronta a pagar a generosidade com que é tratada por estas maravilhosas gentes, pena é que tenha sido abandonada.

1- SEMENTEIRA DO MLHO

   A tarefa da sementeira começava, quase sempre, depois da merenda e consistia no destorroamento da terra, deixando a mesma plana, fazer os regos, conforme imagem acima, à enxada, e colocação das sementes citadas, tarefa esta, também, que era adstrita às mulheres.
   A terra, no fim de nela serem colocadas as sementes nos regos, voltava novamente a ser arrasada, manualmente, para tapar as sementes. Às vezes lá era chamado o burro, que tinha passado o dia todo a descansar à sombra, (risos) cada família tinha um, para com uma grade de madeira, que com pedras em cima, fazia a pressão necessária sobre a terra de modo a que esta ficasse completamente lisa.
   Então era dada, nesta fase, o intervalo para que as sementes nascessem, mais ou menos dez dias para, a partir daí, começar novamente a dedicação destas gentes à sua fonte de subsistência « Os seus pedacinhos de Terra.»

 Colocação das sementes na terra

2- SACHA  E REGA DO MILHO

  Logo que o milho atingisse o tamanho das imagens abaixo lá começava a faina da monda, respetiva sacha bem como a necessidade de entancar a terra para a rega que era feita semanalmente, de acordo com o calendário que todos os proprietários usavam desde tempos de antanho, a partir de Junho até Agosto. Na tarefa de entancar a terra era utilizada a caruma dos pinheiros nas zonas com maior inclinação para evitar que os tanques da água se derronchassem. Esta atividade era feita, normalmente, por mulheres, na imagem abaixo, do nosso homem a regar, apreende-se que ele não aprendeu na zona a que se refere este texto (Risos), que com sachos,  e que não podiam praticamente aliviar as costas visto que ,a água que as acompanhava nos regos que iam abrindo, não podia ser desperdiçada. Eram autênticas maratonistas na arte da rega manual.


Sacha do milho
Rega do Milho

3- DESPONTAR E DESFOLHAR

   Durante o mês de Setembro lá vinha a necessidade de despontar o milho, colocar as pontas a secar ao sol bem como os novelos da folha que era retirada dos caules do milho. E, aqui, aparecia uma nova fonte de preocupações relacionadas com o tempo, havia trovoadas com alguma frequência, que obrigavam estas gentes, fosse de dia ou, quando de noite, a levantarem-se para ir atar a palha e trazê-la para o palheiro, também, aqui, cada família tinha um. A palha era a base da alimentação dos burros e das ovelhas e cabras nos dias em que não podiam ir para o pasto.


Burro Carroça e o fiel amigo.

   Como disse, anteriormente, cada casa tinha um burro que, além de trazer com a carroça a lenha para o forno que servia para cada família cozer, semanalmente, o pão de milho, tirava água nas noras dos poços das propriedades, de alguns poços, a água era tirada pelos homens utilizando «gaivotas ou picotas» conforme imagens abaixo, transportava, também, o mato das encostas que depois levava para as hortas, já na versão estrume que ele, as cabras, as ovelhas, os suínos, cada família matava um por ano na época do Natal, e outro animais ajudaram a fazer, o qual era acumulado num monte que era feito durante o ano, para a época das sementeiras que se iniciavam com a  primeira plantação da batata, no princípio da Primavera de cada ano. 
  As noras foram retiradas para decoração ou vendidas para a sucata e os poços ou foram entulhados com o suor dos homens que os abriram ou foram sepultados em campas rasas feita de betão. As gaivotas ou Picotas o tempo encarregou-se de não deixar delas quaisquer vestígios para a posterioridade. Eram bem perigosas, porque de vez em quando, lá ia o nosso homem agarrado à vara para o fundo do poço.

Nora
Gaivota ou picota
4- APANHA DO MILHO  E RETIRADA DAS MAÇAROCAS.

   A partir da última semana de Setembro, primeira semana de Outubro as espigas de milho eram retiradas dos caules  para a casa da eira, cada família tinha uma onde,  de  dia ou aos serões, a tarefa de separar as maçarocas do milho das capuchas era feita com o auxílio das outras famílias que entre si colaboravam, ver imagem seguinte:

Descamisando o milho « tirar a capucha».

 5- SECAGEM DO MILHO NAS EIRAS

   Depois, seguia-se a colocação diária de por as maçarocas a secar para facilitar a debulha, normalmente manual, do milho que voltava novamente a ser estendido ao sol em panos ou mantas até poder ser erguido para o limpar das impurezas antes de ser guardado nas arcas. As maçarocas ou milho durante a secagem, todos os dias, era guardado à noite no interior casa da eira para voltar a ser posto a secar no dia seguinte logo pela manhã. Quando chovia! Deixo à vossa consideração este assunto, caros leitores. Este Povo, neste caso as mulheres, durante dias não paravam! Hoje, à distância, admiro-me como é que estas heroínas, não ficavam zonzas de tanto praticarem o «Rapa, tira, deixa e põe» e volta a tirar e volta a pôr  e, por vezes, quando começava a chover lá tinham que continuar com esta rotina até ao verão de S. Martinho que se venera a 11 de Novembro.

Milho debulhado à mão com um pau.

6-  IDA DO GRÃO DE MILHO PARA O MOINHO

   Depois, semanalmente, lá vinha o moleiro «sempre vestido de branco» (risos) de porta em porta a recolher o cereal para moer em farinha/entregar a farinha nos sacos do milho e do trigo /centeio, daqueles que o tinham, para depois as famílias misturarem um pouco desta mistura na massa do milho, que sempre ficava um pouco mais apelativo ao sabor e aguçava mais o apetite. Daí o dizer-se «Coma comadre que é de mistura». ( Risos ).

Moinho movido com a água da ribeira
 Moleiro que por vezes trazia a carga na  carroça.

7- PENEIRAR A FARINHA PARA EXTRAIR O FARELO

   A farinha de milho era peneirada antes de ser amassada, para separar o farelo que era misturado na comida dos suínos, numa masseira de madeira ou alguidar conforme as imagens abaixo. O fermento utilizado para levedar era guardado de uma semana para a outra com o resto da massa que ficava na masseira.
Peneirando a farinha de milho

8- AMASSAR A FARINHA

    Após a farinha estar amassada o recipiente era colocado ao lado da lareira coberto com um pano, para com ajuda do calor daquela levedar mais depressa.

Amassar a farinha de milho

9- COZEDURA DO PÃO

   Logo que levedada a massa, esta era colocada numa tigela de tender que servia de medida para cada pão onde, na mesma e, com a ajuda de farinha, para não agarrar, era tendida para «homogeneizar massa» e colocada na pá do forno sendo, depois,colocada em cima desta para, depois, ser introduzida dentro do forno, conforme imagem abaixo. Por vezes, o que  era  raro acontecer ,  o pão ficava assolapado, isto é, saía do forno, depois de cozido, com uma « cavidade entre a côdea e o miolo», o que fazia com que ele não ficasse tão apetitoso, devendo-se isso ao facto do forno não ter ficado  devidamente aquecido ou devido à massa não ter estado o tempo suficiente a levedar. Depois o conjunto dos pães, lá permanecia, por mais ou menos duas horas, até ficar cozido e pronto para ser comido cujo conduto era sempre o mesmo, sardinhas, de preferência, ou bacalhau conforme imagens abaixo, não faltando nunca, conforme imagem do início do texto, o inseparável vinho que, na época, «alimentava milhões de Portugueses». (Risos).

Forno com o pão de milho quase cozido
Sardinhas assadas
Bacalhau albardado com ovos para as merendas

   Este era um dia especial, também para as crianças da casa, pois estas esperavam que, do forno, mais cedo, saísse o seu bolo que era, também, o seu   almocinho, o qual   era recheado  com metade de uma sardinha ou com uma tira de toucinho.
   O cheiro dos bolos para os não anósmicos que era emanado do forno, durante a cozedura do pão, para o exterior levava toda a povoação a saber o local onde naquele dia se estava a cozer o pão. E lá começava o pessoal da aldeia, além das crianças, também a salivar (risos). Até o cheiro alimentava… Depois o pão era metido  nos armários e ali ia sendo retirado à medida que ia sendo consumido, tendo sempre como conduto, quase sempre a , também, inseparável sardinha, comprada no mercado da vila, uma vez por semana, que, depois, era  colocada em cima de caruma num armário, e , depois, em muitas famílias ,chegava a ser dividida em três partes e depois com uma caruma dividida em três partes lá escolhiam a sua sorte.As crianças achavam graça, mas não gostavam nada que lhes saísse a cabeça. (Risos). Depois deste dia lá vinham, também, as maçãs , as azeitonas da talha , as cebolas novas  com sal, os tomates e pepinos retalhados e polvilhados  com sal grosso,  para acompanhar a broa de milho. 
   Quanto à distribuição do pão, em muitas casas as crianças não tinham acesso direto  a ele, visto que se encontrava fechado, em virtude de ter de chegar até à outra cozedura, pelo que imperava a disciplina  a que desde garotos foram habituadas .
   Cada família de quatro a cinco pessoas consumia em média um moio de milho por ano « sessenta alqueires», cada alqueire equivalia a onze kilos de farinha  e, na aldeia ,eram poucas as famílias que eram autossuficientes, pelo que tinham que recorrer ao mercado da vila trazendo outros produtos da horta  para vender e assim poderem adquirir o milho em falta para alimentar toda a família.
  Disse antes que o vinho alimentava, «milhões de portugueses», porque estas gentes após as sementeiras do milho imigravam para as cavas das vinhas para as regiões do Ribatejo e do Oeste, para quais ainda não havia mecanização. Os cavadores eram emparelhados dois a dois em cada carreira de videiras e o horário também era de sol a sol. No fim da década de cinquenta a jorna não atingia os trinta e cinco escudos, hoje 17, 50 cêntimos
Cava das Vinhas
No contrato, por pessoa, estavam incluídos três litros de vinho por dias, só que, como havia sempre os que bebiam menos, o resto para não regressar à adega era sempre bebido no corte pelos que bebiam mais donde, para alguns, a dose diária, facilmente podia atingir os cinco litros de vinho, sem contar que era  ingerido,  nalgumas situações,  com a comida no corte, onde havia uma mulher vinda no contrato para fazer esta tarefa,  porque, em vez de água, que ficava longe, a comida era feita com vinho.
Copo e Jarra com vinho

10-CONSIDERAÇÕES FINAIS

   Verificaram, caros leitores, que durante estas narrativas sobre «Sobrevivência», não me referi, nunca, como é que a carne de aves ou de outros animais, entrava na alimentação destas gentes, pelo que, sobre esta questão, digo o seguinte:

   10-1- Todas as famílias tinham aves de capoeira, mas em pequena quantidade, que só em caso de uma doença, dia da festa da Padroeira da aldeia -15-08, ou da feira do ano  25-07 é que eram , abatidas algumas destas aves, porque o milho, como disse, sendo pouco, tinha que ser guardado para  satisfazer as necessidades do pão de cada família. No dia a dia, quando trabalhavam nas suas próprias hortas não havia comida de garfo ao almoço, porque não havia tempo nem para a comer nem para a fazer, pelo que comiam pão com conduto nas deslocações para as hortas. A ceia era feita à noite à base de feijão cozido, demorava mais do que uma hora a cozer, couves  e batatas, quando as havia ! A ceia , sendo feita depois do sol-posto, só  ficava pronta muito tarde e as crianças, sempre elas, adormeciam e para a cama iam  acompanhadas de um bocado de pão com conduto,  passando assim as  suas noites!
 Na época um ovo cozido era comido como se de um petisco se tratasse.

   10-2- Em relação aos coelhos, tratados apenas com erva, ração de milho nem vê-la, (risos) lá havia mais abundância, mas sendo frequente o aparecimento de doenças nestes animais, algumas famílias desistiam de os  criar  nas suas capoeiras.

   10-3- Outros tipos de carne que se consumiam, por exemplo, de ovelha e de cabra era costume na véspera dos dias santos, feriados e festas, o negociante de gado ali aparecer com os animais citados para abater no pátio da taberna da aldeia. A carne depois era vendida a cada família de acordo com as suas possibilidades e as encomendas que previamente fizeram. Assim só sobrava a pele! (Risos) Esta carne tratada depois como carne de reixelo nas caçolas de barro em cima de uma trempe ao lume constituíam um manjar simplesmente fabuloso.

   10-4- Deixei para o fim os inseparáveis habitantes de cada lar, os suínos em que cada família matava um por ano na altura do Natal, que depois de morto era chamuscado para se lhe tirar o pelo, desmanchado e salgado na salgadeira onde a dona da casa era chamada a pronunciar-se na arrumação das peças que teria de ir gerindo no ano inteiro. Os pés do porco eram guardados para serem consumidos no dia de Carnaval, acompanhados com massa de meada e grão-de-bico. Nesse dia e nos dias de festa, as couves e feijões e o azeite, comida diária daquelas gentes tinham direito a descansar (risos).
   
10-5 - Um outro auxiliar de subsistência, além do pinhal e da resina já por mim pulicado no Blogue com o título «Resineiro» que conselho a sua leitura, eram as pás e os presuntos dos porcos os quais no início da Primavera eram retirados do sal, barrados com azeite e colorau e protegidos com um pano e, depois ali, alguns, ficavam á espera de imigrar para o Alentejo. Não se riam! Porque isto acontecia mesmo pois, era frequente! Como as jornadas de cavar terra eram duríssimas e longas, quase todos os dias os cavadores bebiam uma gemada com vinho e açúcar a que, ainda, juntavam o molho do toucinho previamente frito, cujos torresmos serviam, depois, de conduto com o nosso pão de milho. Assim, saiam de casa «artilhados» pois como as terras eram tabeladas tinham o receio de falhar agravado, ainda, pelo facto de, no ano seguinte, não serem chamados, por aquele patrão, para aquela sementeira. (risos).
  Assim o toucinho ao não chegar para o ano inteiro lá vinham os negociantes do Alentejo, com muares cujos alforges vinham carregados de tiras de toucinho de porco preto, com mais de uma mão de travessa de altura, mais branquinho do que a cal da parede, para fazerem a permuta. Desconheço a % da troca, mas como aos negócios se efetuavam é porque os mesmo foram compreendidos e aceites entre as partes.

10-6- Resta para finalizar, dizer que hoje, nada do descrito existe, das jangadas das videiras, eram de madeira, e,  das videiras não há sinais da sua existência, as florestas foram queimadas, abundando agora o eucalipto, o mato que outrora saía das encostas para fazer a cama aos animais e atapetar as ruas da aldeia em frente às casas, onde era pisado pelas pessoas e animais, sendo depois retirado para o monte do estrume, antes das sementeiras e, o mato, onde existe, está à espera que os incêndios o vão roçar. Os «jardins dos mimos» só continuam vivos na memória daqueles que «ainda acham que a terra lhes está devendo», porque no terreno apenas existem silvas e ervas daninhas que causam um espetáculo desolador a quem conheceu a realidade descrita e a situação atual. Simplesmente triste e lamentável que a Terra que, naquele tempo valia ouro, e tantas vidas alimentou esteja agora morta e sem qualquer valor comercial!


  Nalguns casos, até as demarcações desapareceram!!


Finalmente, caros leitores, faço votos que gostem tanto, desta narrativa verdadeira, como eu, ao escrevê-la, tive.

Agradecia, como habitualmente, os vossos comentários.
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17-04-2014