EXCERTO DA MINHA AUTOBIOGRAFIA NÃO PUBLICADA
O autor com 13 anos -1952
O Estado Novo veio criar criar o ensino escolar obrigatório tendo por isso eu sido beneficiado; Os meus primos, filhos do meu tutor, não chegaram a completar o Ensino Primário ; Os meus irmãos não frequentaram a escola primária pelo que a necessidade os obrigou a aprender a ler e escrever, já na adolescência, por conta própria.
Eu fui para a escola que ficava a cerca de um quilómetro de distância com a dupla sentença: O primeiro ano que chumbares sais da escola e na hora de almoço tens de abrir o gado para o mato porque ele também precisa de comer . Lembro que a escola ficava junto à encosta onde eu tinha de ir , na hora do recreio, apascentar o gado.
Eu era um estudante polivalente; Enquanto comia o pão com metade de uma sardinha tinha que ir abrir o gado enquanto os meus colegas se deliciavam com as suas brincadeiras nas horas do recreio; Escusado será dizer que eu tentava compensar a minha ausência chorando ; Mas nem tudo era mau, pois conseguia um suplemento alimentar, sabem como?
Para isso amarrava uma cabra ou uma ovelha a um pinheiro e fazia a ordenha para um caqueiro da resina – nome dado ao recipiente para onde escorria a seiva dos pinheiros - e, ao misturar o resto do pão, lá conseguia uma refeição mais substancial; Outras vezes, ía ao pote das azeitonas – conduto da época- e enchia os bolsos; O pior era a água que escorria pelas pernas abaixo e era complicado disfarçar a situação quando chegava à escola; Valia-me o facto de os meus colegas já estarem sentados e eu ter, como estudante polivalente, a desculpa para poder ,quase sempre , ser sempre o último a chegar.
História verdadeira da Biblioteca Viva
Boa Páscoa .
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